25 jun 2013

[Graça (Lisboa)] Detidos e feridos na destruição do projeto comunitário Horta do Monte

Colhemos de Indymedia Portugal:

Pelo menos duas pessoas ficaram feridas e outras duas foram presas hoje de manhã na Horta do Monte, um projeto comunitário localizado na Graça (Lisboa) que promove a agricultura biológica, laços entre a vizinhança e a partilha de conhecimento e também de produtos ali semeados.

De acordo com um dos participantes neste projeto, o espaço foi invadido por máquinas da Câmara de Lisboa, com vista à desocupação das áreas e destruição da horta. Apesar de os participantes já estarem à espera da entrada das máquinas, porque a área já tinha sido vedada pela câmara, o projeto refere que até ao momento não houve uma notificação válida de desocupação. Por essa razão, emitiu um alerta no blog chamando as pessoas a participar bem cedo em atividades, entre as quais a prática de yoga, e defender o espaço.

A Horta do Monte já teve direito até a uma petição pública pela sua preservação, que conta atualmente com 1262 signatários. O vereador da Câmara José Sá Fernandes já recebeu inclusivamente uma carta a apelar à proteção deste espaço.

O grupo de cidadãos alerta que hoje as máquinas entraram de manhã no espaço e já derrubaram árvores, mas ao mesmo tempo houve e duas pessoas que foram presas e outras alvo de forte carga policial, estando pelo menos duas pessoas neste momento a receber assistência médica no hospital.

Um relato:
Num pais que é cada vez mais uma vergonha, nada de novo, apenas o Tony e o Zé a higienizar Lisboa com o bastão !A policia entrou hoje na Horta do Monte bem antes das 7h da manhã e agrediu pessoas, deteve outras e destruiu toda a horta. Construiu uma vedação em arame. Fechou a circulação ao trânsito. O caos foi instalado.

As pessoas que ali chegaram pelas 7h para fazerem yoga e meditação foram surpreendidas por este cenário e tentaram dialogar com os responsáveis. Enquanto alguns activistas tiravam fotos do sucedido, a técnica da CML tentou impedi-los e um policia começou as agressões, seguindo-se depois a confusão. Várias pessoas foram agredidas e o nosso amigo Armand Munoz, quando tentava impedir e apelar à calma foi empurrado e bateu com a cabeça no chão. Partiu a cabeça, está em S.José, mas está bem, vai ser cozido.

A Cloé tirava fotos quando a técnica da CML se lhe dirigiu para a impedir de o fazer, tendo ela fugido, nessa altura foi agredida... com 2 bastonadas por um policia municipal, o seu companheiro Mali tentou evitar a agressão e foi também empurrado e partiu aparentemente a máquina de fotografar. O Armand fez o mesmo e acabou no chão. Outras pessoas foram empurradas, levaram bastonadas.

Agora o cenário é desolador.

O chefe da policia municipal no local era o oficial B.Soares mas havia vários policiais não identificados, dois deles tendo sido os autores das agressões. Estava também um carrinha com policias da PSP, uma ambulância do INEM onde foi transportado o ferido, e vários veículos camarários dos jardineiros e trabalhadores de obras - que me manifestaram enorme desconforto nesta tarefa. E estavam 4 técnicos da CML.

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Outro relato:
Eram 61 árvores e plantas perenes, segundo o Vereador do ambiente 'umas ervas daninhas e uns arbustos'.

Desde a primavera de 2007 que aquele terreno abandonado foi sendo cultivado colectivamente, sempre ficou aberto a quem passava. Quem mora perto certamente desfrutou neste tempo dos bancos colocados pelos hortelões perante a bela vista daquela horta. Bela demais para não ter dono.

Desde o outono de 2008 que a água da horta tinha sido cortada. Com alguma pressão, conseguiu-se que primeiro os bombeiros, depois os serviços de limpeza, enchessem os depósitos da horta. A boca de água que fica no terreno da horta nunca voltou a correr. Agora, com a promessa da mesma água que cortou, o Vereador convenceu os poucos hortelões que cultivavam em modo individual do valor do seu projecto.
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Os mesmos hortelões que, segundo ele, 'não quiseram dialogar', foram a duas reuniões, depois de 3 meses de espera, onde lhes foi apresentado um projecto acabado, e nenhuma opção a aceitá-lo que não envolvesse, como se viu, violência policial. Assim vai o 'diálogo' e a 'participação' entre quem gere esta cidade. Não que nos deva surpreender, pelo menos agora ficou mais claro.

Cabeças partidas, escoriações, estamos a ficar demasiado habituados a isto.
Caro Verador, somente agora começámos a conversar.

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