5 ene 2012

Máis información sobre Jorge dos Santos/George Wright

Chegounos ó correo unha traducción ó portugués dun texto que axuda a esclarecer un pouquiño máis algúns detalles sobre o caso de George Wright, o antigo membro do Black Liberation Army recentemente capturado en Portugal e extraditado ós EEUU. Máis info sobre o seu caso neste mesmo blog aquí e aquí.

O sistema de justiça americano procura vingança
George Pumphrey sobre a prisão do Afro-Americano George Wright
01.10.2011
Esta semana, com base em informação proveniente de agências noticiosas, a publicação Nova Alemanha (“Neues Deutschland”) reportou que um “criminoso procurado” - procurado desde que escapou de uma prisão americana – foi capturado em Portugal. George Pumphrey, um Americano com cidadania francesa, que vive em Berlim, conhece o “criminoso” George Wright. Roland Etzel entrevistou-o.

- Onde conheceu George Wright?
Foi em Paris. Eu tinha escapado para lá devido à perseguição política e racista existente no meu país. George Wright, juntamente com quatro outros Afro-Americanos haviam sequestrado um avião dos EUA para a Argélia e, mais tarde, tinham vindo para Paris. Uma organização clandestina francesa, que apoiava movimentos de libertação nacional no “Terceiro Mundo”, tinha-nos auxiliado, e foi assim que nos conhecemos.

- Quais eram as vossas actividades conjuntas?
Nós procurávamos manter-nos a par, juntamente com George Wright e os outros, dos desenvolvimentos políticos, discutindo interminavelmente e evoluindo da extrema esquerda para o Marxismo. Contactámos também outros movimentos de libertação nacional de África e da América Latina.

- As agências noticiosas reportaram que Wright é “um dos criminosos mais procurados” nos EUA. Imaginamos um monstro.
Há quase 50 anos, ele participou num assalto, do qual resultou um morto – mas não foi ele o responsável. Mas, de acordo com a lei americana, num caso desses, cada um dos participantes pode ser considerado culpado de homicídio. O George foi condenado a 15-30 anos de prisão.

- Mas ele não cumpriu a sua pena, o que, de acordo com o FBI, deve agora fazer.
As autoridades americanas não estão atrás dele por causa do que aconteceu há 50 anos. O pedido de extradição tem motivos políticos. George, tal como muitos outros prisioneiros nos anos 60 e 70, tornou-se politizado enquanto esteve na prisão. Este era um período de importantes lutas: o movimento pelos direitos civis, o Partido dos Panteras Negras, o movimento anti-guerra. Ele queria envolver-se. Escapou da prisão juntamente com três outros prisioneiros. Com um deles, George Brown, passou à clandestinidade em Detroit, onde conheceu Melvin e Jean McNair e Joyce Tillerson. Melvin havia desertado por se recusar a combater contra o Vietname.

- Como se envolveram [no movimento]?
Eles rapidamente perceberam que, encontrando-se fugidos às autoridades, se tornavam apenas um fardo para o movimento. Decidiram sequestrar um avião para se juntarem à secção internacional dos Panteras Negras na Argélia. O resgate de um milhão de doláres era para os Panteras. À data, os sequestros eram frequentes e normalmente não levantavam problemas. Quando o George e os seus companheiros o fizeram, no dia 31 de Julho de 1972, era já o 44º sequestro ocorrido nos EUA naquele ano.

- De volta a Paris. O que aconteceu então?
Eles viviam na clandestinidade, fazendo biscates, quando, em Maio de 1976, foram presos no âmbito de um pedido de extradição feito pelo governo dos EUA. Todos, excepto George Wright, que nós ajudámos a fugir de França para Portugal. A minha mulher Doris e eu iniciámos um comité de defesa que rapidamente atraiu numerosas personalidades francesas. Tornou-se uma campanha política importante e o tribunal recusou a extradição. As autoridades americanas estavam furiosas.

- Que motivos foram apresentados pelo tribunal para justificar a sua decisão?
O tribunal reconheceu a motivação política do grupo na luta contra o racismo. De acordo com a lei internacional, num caso de recusa de extradição, o estado francês, de acordo com o seu próprio quadro legal, era obrigado a a levá-los a tribunal pelo desvio do avião. O julgamento ocorreu em 1978. Por essa altura já se tinham juntado à campanha de solidariedade várias organizações, sindicatos, políticos – dos Gaulistas aos comunistas – um prémio Nobel, representantes das igrejas católica e protestante, figuras proeminentes da resistência, vários artistas e actores, incluindo James Baldwin ou as super-estrelas do cinema Yves Montand e Simone Signoret. Quase todos os media burgueses relatavam com simpatia este caso. A defesa e os réus pediram para que o crime fosse visto à luz do racismo existente nos EUA. Descobriu-se afinal que era o racismo americano que estava a ser julgado. O júri decidiu em consonância. As sentenças foram leves.

- George Wright, já estava na clandestinidade, sabes onde?
Não sei se ele tinha estado em Portugal durante esse período. Mas era evidente que ele vivia sossegadamente com a sua família há já alguns anos em Sintra, uma cidade de 30 000 habitantes, 25km a oeste de Lisboa. De acordo com a imprensa, ele é uma pessoa estimada e reconhecida.

- Porque é que foi feito tanto alarido em torno da sua prisão?
O retrato beligerante que é feito tem pouco a ver com a realidade histórica do seu caso. Se a reabilitação desempenhasse um papel no sistema judicial, então o George Wright seria um bom exemplo. Eu acredito que o Ministério da Justiça americano tem sobretudo interesse na vingança. Não conseguiram ultrapassar a derrota política sofrida em Paris.


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