Reproduzimos correio da ANA que traduce a informaçom publicada no blogue do Grupo Anarquista de Asturies Higinio Carrera: Amadeu Casellas, o anarquista que esteve preso 22 anos por expropriar bancos, esteve em Oviedo, apresentando seu livro, “Um reflexo da sociedade, Crônica de umha experiência nos cárceres da democracia”, em um acto organizado pelo Ateneu Libertariu d'Uviéu. Casellas falou de sua vida nos cárceres espanhóis, de suas lutas, da organizaçom dos presos e denunciou o regime penitenciário estatal, a quem abertamente acusa de induzir às mortes por sobredose e os suicídios. O acto foi nom local da CNT de Uvieu e foi assistido por numerosas pessoas que lhe fizeram muitas perguntas ao final de sua exposiçom.
O ex-preso anarquista começou contando como acabou no cárcere: “Em 1973 a CNT era ilegal e eu era militante. Meu início foi em Vic (Barcelona) e propugem aos companheiros expropriar bancos para obter fundos para lutar, mas na CNT me rechaçaram, por isso juntei-me a grupos mais radicais e fomos aos bancos, que som os que nos roubam. Repartíamos o dinheiro, umha parte ia para a infraestructura do grupo e o resto para famílias necessitadas. Costumávamos obter entre um milhom e três milhõns de pesetas, que nessa época era muito. As famílias podiam viver um ano sem se preocupar, com o que lhes dávamos. Um pai de família nos pedira um rebanho de ovelhas e depois do assalto fomos comprá-lo. Solucionamos sua vida”.
Finalmente, em 1979, som presos e entram no cárcere modelo de Barcelona. Enquanto isso, alguns membros do grupo haviam se viciado em heroína. “Quando chegamos ao cárcere, ainda havia carcereiros franquistas, com uniformes militares e o primeiro que fizeram foi dar-nos umha surra “por anarquistas”. Funcionava pela parte de alguns presos a COPEL (Coordenadora de Presos em Luta) e lá entrei para trabalhar. A situaçom no cárcere era penosa. Muitos dormiam no cham, as celas estavam ateigadas e as condiçons eram desumanas, convivendo com insectos e ratos. COPEL era defensora da organizaçom de motins, mas sempre acabava pior, porque os carcereiros usavam isso como desculpa para reprimir mais. Assim nós propusemos fazer greves de fome e de braços caídos para paralisar o cárcere. Fizemos umha primeira greve de fome pedindo a reforma do Código Penal franquista e a revogaçom da Lei de Vagabundos e Malfeitores. A greve aconteceu em setembro de 1982 e outras prisons nos apoiaram. Na primavera de 1983 foi feita a reforma e graças a isso libertaram muitíssimos presos, limitou-se a prisom preventiva e foi anulada a Lei de Vagabundos e Malfeitores. A victória nos dava asas para novos protestos”.
Greve de braços caídos
“Em 1986 – explica Casellas – fizemos umha greve de braços caídos. Na época a SIDA se introduzira como umha besta nos cárceres e usaram os presos para testar as primeiras retrovirais. Caíam como entulhos. Tentamos fazer outra greve de fome mas os presos estavam a maioria doentes e com as defesas baixas, assim decidimos nom trabalhar e paralisar o cárcere. Também ganhamos esta batalha e conseguimos outras melhoras, como as comunicaçons directas umha vez por mês. Instituiçons Penitenciárias querem entom dispersar-nos para evitar novos protestos, sem dar-se conta de que essa medida nos favorecia, por que ensinamos a outros presos do Estado a organizarem-se”.
Chega a década dos 90 e Juan Antonio Belloch (PSOE), ministro de Justiça (hoje alcaide de Zaragoza) cria o regime FIES (Arquivos Internos de Perseguiçom Especial). Prossegue Casellas: “Estava dedicado a nós porque se te aplicam vas para umha cela de isolamento, te interrompem o correio, limitam tuas chamadas...”.
Também se cria o CIRE, umha empresa que gestiona os trabalhos dos presos que antes se desenvolviam em cooperativa, convertem as tendas baratas em boutiques e em consequência dobram os preços. No livro Casellas dá nomes e sobrenomes dos que se enriqueceram com este negócio: “Tentaram levar-me a juízo mas eu lhes denunciei e preferiram nom seguir com o pleito. Som funcionários que com seu soldo normal vivem como ricos, com carros caros. Som umha organizaçom piramidal e facturam 24 milhons de euros por ano dos quais 23 milhons ficam com os intermediários e directores que nom fazem nada e o resto aos presos”.
As fugas
Amadeu Casellas fugiu em várias ocasions. Umha foi no cárcere de Figueras e também se dedicou a explicar a outros presos as melhores maneiras de fugir. Teve algumhas fugas exitosas e outras tantas abortadas. No acto de apresentaçom do livro, explicou algumhas das mais rocambolescas.
Casellas denuncia publicamente nos actos a que é convidado que as mortes por sobredose de drogas de presos que divulgam na imprensa “som induzidas pela própria instituiçom penitenciária. Te dam metadona ao entrar e ansiolíticos e outras drogas legais e vam aumentando a dose. Te saturam de drogas e assim morrem muitos. É verdade que há drogas ilegais, mas em pequenas quantidades. O que conseguem com esta política, na qual colaboram médicos e psiquiatras da prisom, é ter um pátio tranquilo e evitar que o preso pense. Com os suicídios ocorre o mesmo. Muitos poderiam ser evitados. Eu acuso o sistema penitenciário de ser responsável por estas mortes, porque a maioria se produz por abusos e arbitrariedades dos carcereiros”.
A luta de Casellas acabou finalmente com sua liberdade, já que em umha das greves de fome pediu a revisom da condena e se deram conta de que cumprira oito anos mais do que deveria. Em pouco tempo se detecta também que 23 presos mais estavam também com excesso de anos, ainda que a imprensa tenha silenciado: “No cárcere há muitos presos que cumprem uma condena maior do que a que têm, mas som anônimos e nom tenhem dinheiro para demonstrar sua inocência”.
O ex-preso anarquista explicou algumhas lutas mais que desenvolveram com êxito. Assim denunciaram que trabalharam sem cotizar e obtiveram o reconhecimento da Seguridade Social nas oficinas de presos de toda a Espanha. Em março de 2010 Amadeu Casellas obtêm a liberdade. Desde entom manteve contacto com os presos, aos quais anima na luta e ajuda a organizarem-se, ainda que o perfil dos presos de agora tenha mudado (está entrando gente que nom som delinquentes, alcoólatras, manifestantes de protestos...) e que estám sós e pouco conscientes. Se nom tês recursos te esquecem”.
Casellas denunciou também o enriquecimento de algumhas empresas espanholas com o negócio dos cárceres. Um dos empresários que cita é Florentino Pérez “que é o que constrói as prisons e com isso ganha 130 milhones de euros por cada umha que faz”. Também menciona a El Corte Inglés, que realiza toda a produçom têxtil nos cárceres, explorando aos presos e enriquecendo graças a eles. Denuncia também ao filho de Jordi Pujol e a sua mulher, Ferrusola, que foi gerente do CIRE.
O livro pode ser pedido a editorial El Grillo Libertario (PVP 12€). Parte dos recursos obtidos por sua venda se destinarám à reconstruçom do CSOA de Can Viés.
Colamos (traduzido) a introduçom ao livro asinada por Maite Hernández Nadal:
“Um reflexo da sociedade, Crônica de umha experiência nos cárceres da democracia”
"Ainda lembro hoje a tarde na que estava no gavinete e soara o telefone, era um tal Xavi, avogado da CNT. Perguntou-me se podia acompanhar-lhe o Centro Penitenciário de Brians para vissitar ao preso Amadeu Casellas Ramón. Sinceiramente, nom tinha nem ideia de quem era, assim que tras aceitar acompanhar-lhe, busquei informaçom sobre o referido preso.
Nunca imaginei que graças a essa chamada e ao próprio Amadeu, poidera descobrir as irregularidades que se produz a diário nos centros penitenciários.
Amadeu Casellas tinha umha condena total de 34 anos, 28 meses e 3 dias, condena em base ao próprio artículo 76 do vigente Código Penal, nom podia exceder os 20 anos dado que nengumha das suas condenas superava a pena de prisom de 20 anos.
Este livro amosa a testemunho real dum preso privado de liberdade durante mais de 25 anos, á vez que refleja como som, na realidade, os cárceres e o sistema penitenciário deste pais".
Maite Hernández Nadal
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Nota de Abordaxe: As fotos (cedidas por GZI fotos) se correspondem com umha acçom solidária com Amadeu na catedral de Compostela em 24 de outubro de 2009 e que foi publicada neste blogue
Máis informaçom sobre Amadeu Casellas em Abordaxe (por orde cronológico de mais nova a mais velha) de quem figeramos especial seguimento da sua luta e das acçons solidárias desde os começos deste blogue, lá por maio de 2009:
30/7/2012 Entrevista Amadeu Casellas
23/7/2012 Actualización da situación de Amadeu Casellas
13/7/2012 Orde de ingreso en prisión para Amadeu Casellas
17/4/2012 Torturas nos cárceres espanhois: presos FIES. Entrevista a Nuria Güell e Amadeu Casellas
30/1/2012 [Audio] Roda de Prensa FIES: Tortura Branca nos Cárceres
29/3/2010 Comunicado de Juan Carlos Rico ante las excarcelaciones de Amadeu Casellas y Manuel Pinteño
10/3/2010 Amadeu Casellas é libertado depois de 24 anos preso
7/1/2010 Novas accións solidarias c@s pres@s en loita(Santiago de Compostela)
24/10/2009 Acción solidaria con Amadeu Casellas na catedral de Compostela
21/10/2009 Accións solidarias con Amadeu [Recapitulemos]
19/10/2009 Algunhas das noticias recibidas das accións en solidariedade con Amadeu Casellas
11/10/2009 Novas sabotaxes pola liberdade de Amadeu
9/10/2009 Acción solidaria en Vigo con Amadeu Casellas
26/9/2009 Sabotaxes pola liberdade de Amadeu Casellas
10/9/2009 Amadeu Casellas suma á folga de fame de 56 días unha de sede a partir deste luns.
8/6/2009 AMADEU CASELLAS ABANDONA A FOLGA DE SEDE, POR MOTIVOS DE SAUDE, E SEGUE ADIANTE COA FOLGA DE FAME. AS REPRESALIAS CONTINUAN
13/5/2009 Asalto a um programa de televisión en solidaridade con Amadeu Casellas e Antonio Porto Marín.
13/5/2009 AMADEU CASELLAS RETOMA LA HUELGA DE HAMBRE
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