15 jul 2014

GAZA por Eduardo Galeano

Por desgraça este artículo de Galeano da web PalestinaLibre, pese a estar escrito em novembro de 2012, nom perdeu nengum ápice de vigor e rigor; e atendendo ao momento actual, entendemos moi interesante copia-lo, traduzi-lo e cola-lo acá. Dizer que Galeano adicou este artículo "a meus amigos judeus assassinados polas ditaduras latinoamericanas que Israel assessorou":

Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: sementa ódio e colheita coarctadas. Todo indica que esta carniçaria de Gaza, que segundo os seus autores quere acabar com os terroristas, logrará multiplica-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados a humilhaçom perpétua. Nom podem nem respirar sem permiso. Perderom a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, o seu todo. (...)

Som filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes de Hamas, acurralados em Gaza, disparam com chambona pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupaçom israelita usurpou. E á desesperaçom, á beira da loucura suícida, é a nai das bravatas que negam o direito á existência de Israel, berros sem nengumha eficácia, entanto a moi eficaz guerra de extermínio está negando, anos há, o direito á existência de Palestina. Já pouca Palestina fica. Passo a passo, Israel está a borra-la do mapa.
Os colonos invadem, e tras eles os soldados vam corrigindo a fronteira. As balas sacralizam o despojo, em legítima defensa. Nom ha guerra agressiva que nom diga ser guerra defensiva. Hitler invadira Polónia para evitar que Polónia invadira Alemanha. Bush invadira Irak para evitar que Irak invadira o mundo. Em cada umha das suas guerras defensivas, Israel traga-se outro anaco de Palestina, e os almorços seguem. A devoraçom justifica-se polos títulos de propriedade que a Bíblia otorgou, polos dois mil anos de persecuçom que o povo judeu sofrera, e polo pánico que geram os palestinos ao ajejo.

Israel é o pais que jamais cumpre as recomendaços nem as resoluçons da ONU, quem nunca acata as sentências dos tribunais internacionais, quem fai burla das leis internacionais, e é também o único pais que legalizou a tortura de prisioneiros. Quém agasalhou-lhe o direito de negar todos os direitos? De donde vem a impunidade com que Israel está ejecutando a matança de Gaza? O governo espanhol nom teria podido bombardear impunemente o Pais Basco para acabar com ETA, nem o governo británico teria podido arrasar Irlanda para liquidar a IRA. Acaso a tragédia do Holocausto implica umha póliza de eterna impunidade? Ou essa luz verde provem da potência mandamais que tem em Israel o seu mais incondicional dos seus servos?

O ejército israeliano, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe a quem mata. Nom mata por error. Mata por horror. As vítimas civis chamam-lhe danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez danos colaterais, tres som crianças. E sumam miles os mutilados, vítimas da tecnologia do desmembramento humano, que a indústria militar está ensaiando exitosamente nesta operaçom de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Por cada cem palestinos mortos, um israeliano.(*)

Gente perigosa, advirte o outro bombardeio, a cárrego dos meios maciços de manipulaçom, que nos convidam a crêr que umha vida israeliana vale tanto como cem vidas palestinas. E issos meios também nos convidam a crêr que som humanitárias as duascentas bombas atómicas de Israel, e que umha potência nuclear chamada Irám foi a que aniquilara Hiroshima e Nagasaki.

A denominada comunidade internacional, Existe?

É algo mais que um clube de mercaderes, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos se ponhem quando fam teatro?

Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial luze umha vez mais. Como sempre, a indiferência, os discursos vazios, as declaraçons ocas, as declamaçons altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo á sagrada impunidade.

Ante a tragédia de Gaza, os paises árabes lavam-se as mãos. Como sempre. E como sempre, os paises europeios esfregam-se as suas.

A velha Europa, tam capaz de beleza e de perversidade, derrama algumha que outra lágrima entanto secretamente celebra esta jogada mestra. Porque a caça de judeus foi sempre umha costume europeia, pero desde há meio século essa déveda histórica está sendo cobrada aos palestinos, que também som semitas e que nunca forom, nem som, antisemitas. Eles estám pagando, em sangue contante e soante, umha conta alheia.

(*) Nota de Abordaxe: No momento de editar isto, e segundo as últimas fontes, as proporçons entre vítimas palestinas e israelianas som, nesta operaçom de extremínio, muito mais escándalosas: 184 palestinas mortas (de elas 35 minores, ademais de 1300 feridas) por 0 (ZERO) israelianas (e nengumha ferida de gravidade)

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