Eftijía Popodaki morreu faz uns dias, quando a Companhia de Eletricidade cortou-lhe o fornecimento de energia elétrica polo nom pagamento dumha dívida duns 800 euros. Seu filho substenta que sua dívida fora reduzida aos 110 euros, depois que umha pessoa pagara o resto. Reproduzimos umha sua Carta facilitada pola ANA, na que Eftijía dava conta da sua situaçom, e co ánimo de dirigir umha pergunta a essas que seguem acreditando todavia que o sistema capitalista pode melhorar, a essas que sonham com um “capitalismo com rosto humano”: Continuarias substentando o mesmo se esta pessoa fosse um membro da tua família? A resposta a esta pergunta nom é tam óbvia como parece, neste mundo absurdo do individualismo extremo que quer impor a ideologia dominante... Poderíamos fazer mais perguntas, como se faz falta que a morte bata à porta de alguém, para que se dê conta do que acontece fora dela, mas consideramos que a leitura da carta desta pessoa assassinada polo Estado coloca ainda mais interrogantes, a partir das quais podem surgir várias reflexons.
Eftijía é umha das dezenas de milhares de pessoas que som conduzidas polo sistema social desumano, à pobreza, indigência, e som tratadas como cifras. Algumhas som conduzidas ao suicídio, a outras o Sistema tira a vida diariamente. Eftijía Popodaki foi assassinada direitamente. O objectivo dos de cima é óbvio: querem que nos acostumemos à miséria, à barbárie, à morte:
Meu nome é Eftijía Popodaki. Som umma pessoa com tetraplegia faz 20 anos, estou na cama e estou com vida conectada com aparelhos desde janeiro de 2003. Manejo o computador através de câmera de infravermelho. Tenho umha enfermidade chamada esclerose lateral amiotrófica (ELA). Nasci em 30 de outubro de 1958.
Toda minha vida dediqueime à agricultura, exceito durante o ano e meio que abrim umha floricultura para vender as plantas que cultivava eu mesma para que assim que nom se beneficiaram do meu trabalho os mediadores que me compravam as plantas por umhas migalhas. E isto porque tinha que criar três filhos. Encontrei umha tendinha de 15 metros quadrados. Ninguém me dissera que era necessário (obrigatório) que me inscrevesse no Fundo de Comércio. Abrim a floricultura e pensei que tudo estava em ordem com relaçom a minhas obrigas com o Estado. Ninguém me incomodou. Em novembro de 1993 comecei a perder o equilíbrio e cair no cham sem saber por que. Em dezembro de 1993 fui hospitalizada em Atenas. Entom os médicos prepararam para mim todos os documentos (papeis) necessários, “para que os apresentasse em meu Fundo” como me disseram.
Quando voltei à Canea, Creta (com muletas) comecei a compilar o resto dos documentos. Minha saúde ia de mal a pior. Meu pai apresentou os documentos no Sistema Especial para Trabalhadores Agrários, e me chamaram para comparecer ante um comitê em abril de 1994 (na altura eu já estava numha cadeira de rodas). A decisom foi a esperada: 100% de incapacidade, quadriplegia. Me deram umha pensom 2 ou 2,5 anos despois. A meu filho o chamaram para fazer o serviço militar. Creio que foi à Agência Tributária, fechou a caixa registradora e vendeu a tenda.
A floricultura fechou em 31 de dezembro de 1996, e meu filho foi fazer o serviço militar. Em julho de 2007 chegou um documento do Fundo do Comércio, comunicando-me que lhes devia 45.000 euros. Escrevi-lhes umha carta, já que nom podia comunicar-me de outra maneira (desde dezembro de 2002 uso um tubo traqueal), e expliquei-lhes, mais ou menos, o que lhes estou escrevendo agora. Parece que nom a leram e um mês mais tarde chegou outra carta. Nom davam respostas às perguntas que eu figera. Era umha cópia da primeira carta.
Voltei imprimir a carta que já lhes enviara, e reenviei-na. Outra vez nom me responderam. Isto continuou durante algum tempo. Durante 2-3 anos me enviavam o mesmo papel e eu o devolvia sem sequer abri-lo. Na sexta-feira, 31 de maio de 2013, chegou umha carta do Sistema Especial para Trabalhadores Agrários, e me diz que me cortam a pensom e a assistência de saúde, porque tenho umha tenda que está funcionando, e nom me dam nem sequer os gastos em saúde que fizera em 2012 e 2013, os quais chegavam a 20.000 euros! Necessito alguém que cuide de mim. Como vou viver? Sei que a nossa vida, dos 1.540 pacientes com ELA é muito cara para o Estado. Mas se legalizassem a eutanásia, a faria agora mesmo, para desfazer-me dos torturadores estatais do povo grego, e nom só do povo grego.
4 ago 2014
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