11 dic 2012

[Grécia] Texto publicado por umha estudante durante os distúrbios de 2008

Recolhemos de ContraInfo este texto, traduzimo-lo e publicamo-lo acá em Abordaxe para a sua defussom, por considera-lo um texto digno de ser lido e de reflexom. Vos diredes...


Comunicado ao meu pai e à minha nai

Sei que vos devo muito. Tivestedes-me, dichedes-me de comer e de beber, criastedes-me. Até amastedes-me. Ou, quanto menos, isso dezides. Porque as coisas som um pouco distintas.

Trouxestes-me a um mundo onde cada dia viades-vos na obriga de deixar-me e correr aos vossos trabalhos. Trouxestes-me acá e despois, buscavades onde aparcar-me. Levastedes-me à escola e, como nom vos bastava com isso, levastedes-me a umha série de tutorias e aulas especiais, e criastedes-me a angústia por um futuro incerto. Dado que o meu futuro era tam incerto, dado que figestedes deste planeta um lugar perigoso, porquê me trouxestedes acá? Que é a minha vida? As duas horas de tele e videojogos ao dia?

Quero conhecer o mundo, abrir as minhas ás e voar e ve-lo tudo num instante. Quero sair, conhecer às demais, jogar, divertir-me, sentir-me feliz e nom me preocupar de se amanhã vou ir ao cole sem as minhas tarefas feitas. Quero sonhar com um mundo onde nom busquedes onde aparcar-me, onde nom tenhades sempre trabalho, onde nom seja perigoso conhecer às demais, onde nom me assuste o futuro, onde nom haxa nem amxs nem escravxs.

Vejo a vossa miséria, pero nom me afago a ela, nem quero acostumar-me. Nom baixarei a cabeça porque vos o figerades. Nom me quero converter nem em escrava nem em patroa de ninguém; quero que me deixedes em paz.

Estes cans guardiáns de uniforme que vos assustam, nom me dam medo. Vos vedes neles algo de ordem e seguridade. Deixade de reir-vos de mim, porque vejo perfeitamente o que é essa ordem: hipocrisia, ao igual que a seguridade, ambas som o meirande perigo. Som símbolos do Poder. Dos vossos, dos professores, dos políticos, dos maiores que vivem assim. Vos aprendestedes a viver assim, eu nom. Se querem meter-se comigo, que venham. Nom tenhem nengumha possibilidade e mais lhes vale te-lo em mente. Estou enfadada e som perigosa. Somos muitxs, estamos em tudas partes, estamos até nas casas dos assassinos. Lá onde estejam, nom poderám agochar-se de nos. Dum jeito ou outro, nos seguiremos em pê, nom eles.

Nom vos cabreedes comigo, fago o que me aprendestedes. Diziades que a revolta é desordem e destruiçom. Agora que me rebelo, tederes desordem e destruiçom. Quero-vos. À minha maneira, pero vos quero.

Ainda que tenho que construir o meu próprio mundo para poder viver a minha vida em liberdade e, para elo, devo destruir o vosso mundo. É o mais importante para mim. Para dize-lo com as vossas próprias palavras: este é o meu trabalho.

Dezembro de 2008

No hay comentarios:

Publicar un comentario