24 sept 2014

Livro: “Libertárias na América do Sul. De A à Z” de Cristina Guzzo livre para descarga em pdf.

Oferecemos a possibilidade de descarga debalde (acá) deste moi interesante livro (em castelám) que nos facilitarom desde a ANA.

Vanina Escales na sua apresentaçom aponta a que "Estas mulheres de finais do XIX e começos do XX atoparam no anarquismo umha série de consignas emancipatórias que fariam suas: os argumentos da sua libertaçom. E forom anarquistas a pesar dos anarquistas", e além fai um recodatório da polémica em 1935 entre "Marianet" R. Vázquez, secretário da CNT catalana, e Lucía Sánchez Saornil, poeta anarquista, quando querendo dar-lhe a razom a esta no feito de que havia homes moi tiranos nas suas casas, engadiu um seu "pero" ao dizer que “se bem poidera ser certo que os homes nom tratam ás mulheres como iguais, é moi humano querer aferrarse aos privilégios. Nom se pode esperar que os homes renunciem aos seus privilégios voluntariamente, do mesmo jeito que nom se aguarda que a burguesia ceda voluntariamente o seu poder ao proletariado”; a resposta de Lucía fora “será ‘moi humano’ que o home deseje conservar a sua hegemonia, pero nom será anarquista”.

Reproduzimos o prólogo da autora, Cristina Guzzo:

Operárias, camponesas, professoras, imigrantes, profissionais, poetas, analfabetas, todas militantes, as mulheres anarquistas foram esquecidas por quase cem anos, pola historiografia em geral, e ainda por seus próprios companheiros. Pouco a pouco, sob o interesse acadêmico polos estudos da mulher a partir da década de 1960, foi emergindo a rede anarcofeminista que brilhou com luz própria na América do Sul desde o final do século XIX. Este trabalho buscou recuperar a memória dessas ilustres desconhecidas, salvo contadas exceçons, que se dedicaram de corpo e alma à luta por sua dignidade feminina dentro do pensamento anarquista, umha luta realizada de forma organizada através do movimento, mas pondo sua ênfase nas reivindicaçons específicas de seu gênero.

Com a entrada da América do Sul no mercado internacional de trabalho, como produtora de matérias primas em grande escala, complementar ao desenvolvimento industrial em seu apogeu, se incorporará massivamente a mão de obra que inclui agora a mulher. No Brasil, Argentina, Chile, Bolívia e países vizinhos a instalaçom de linhas ferroviárias cria a infraestrutura necessária para transladar aos portos os frutos da terra. Milhares de nativos e imigrantes constituirám a força de trabalho que põe em movimento a maquinaria capitalista cujo crescimento vertiginoso atrai e aglutina a mais e mais trabalhadores, incluindo mulheres e crianças. Ao redor das fábricas, portos e estaçons ferroviárias florescem os bairros operários com suas pocilgas, casas de pensom, moradas, onde a mulher será protagonista. No lar da nova família operária o poderio masculino tradicional entra em crise.

Em Buenos Aires, São Paulo, Rosário, agora grandes urbes industriais, se lança a luta anarquista, chegada com a imigraçom europeia. Nativos e estrangeiros aderem à “Ideia” da liberdade e empreendem sua militância com a abertura de sindicatos, jornais, bibliotecas, centros culturais, escolas livres e fazem explodir a greve contra as patronais. Assim como na Europa e Estados Unidos, surge também aqui a acçom combativa da mulher durante essas lutas sociais.

Seguindo o exemplo da communard¹ anarquista Louise Michel e o discurso feminista da estadunidense Emma Goldman, um punhado de valentes moças trabalhadoras dam início na década de 1890 ao anarcofeminismo ao redor da regiom do Prata. Sobressaem entre elas os nomes de Virginia Bolten, Teresa Marchisio, María Collazo, no roteiro anarquista composto por Rosário, Buenos Aires, La Plata e Montevideo. Logo se repetirá essa realidade entre Rio, São Paulo e o porto de Santos, entre Santiago do Chile e o porto de Valparaíso, nas salgadeiras de Iquique, entre Lima e El Callao, no mercado de La Paz. As organizaçons anarcofeministas se expandem como anéis na água, tocando em suas margens, entram em contato umhas com as outras por mensagens escritas, as viagens, os congressos. Se descobre entom o trabalho apaixonante destas mulheres ao longo de um século que temos tratado de recuperar.

O desafio para um Dicionário anarcofeminista da regiom tem sido a escassez de documentos sobre essas militantes já falecidas, o que determina muitas vezes a ausência de datas. Muito tem contribuído o relato oral de descendentes e companheiros que com entusiasmo e desinteresse tem oferecido todo o material de suas recordaçons. A imprensa da época, em especial a feminina, aponta as pistas para a continuaçom de suas vidas, e utilizando-se, além disso, dos trabalhos de investigaçom já realizados sobre a reconstituiçom do trabalho feminino dentro do anarquismo se tem tratado de completar esta memória. Se agradece entom especialmente o apoio recebido do autor boliviano Huáscar Rodríguez García, recuperador da memória libertária, assim também como a colaboraçom incansável que de Montevideo ofereceu Pascual Muñoz.

Um agradecimento caloroso às pessoas da FLA, que sob a orientaçom de Marina Barsuk ofereceu seu arquivo, dados, localizaçons, fazendo possível a concretizaçom do dicionário. E um agradecimento imenso e substancial às históricas militantes da Biblioteca Popular José Ingenieros, que estando já na casa dos oitenta anos deram seu testemunho desinteressado e entusiasta para a realizaçom desta memória.

Cristina Guzzo

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[1] Communard era a denominaçom dos membros e apoiadores da Comuna de Paris em 1871

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