27 may 2014

[Goiânia-Brasil] Não vai ter amistoso! Não vai ter copa!!

Ontem dimos conta da detençom de 4 jovens manifestantes que participam activamente de manifestaçons e actos nas ruas da cidade de Goiânia, reivindicando melhores condiçons para o transporte público, saúde pública de qualidade, maiores investimentos na educaçom e luitando também contra a repressom aos movimentos sociais. Sem nengumha acusaçom plausível e sem nenguma prova real, a polícia civil sequestrou e prendeu os estudantes Marllos Souza Duarte, Yan Caetano, Heitor Vilela e João Marcos, alcumado João Lenon, num acto covarde e violento por parte da polícia, com a clara intençom de apenas intimidar todos os demais manifestantes que irám participar da grande mobilizaçom agendada para o dia 03 de junho convocada pelos Black Bloc Brasil a través das redes sociais sob a lenda "NÃO VAI TER AMISTOSO, NÃO VAI TER COPA!!", no mesmo dia do jogo da seleçom brasileira de futebol contra a panamenha no estádio Serra Dourada em Goiânia. De feito na imagem que acompanhamos a anterior notícia sobre a detençom dos 4 moços e a fuga dum outro, ve-se o cartaz de dita convocatória entre as armas perigosíssimas apanhadas nos registros domiciliários dos 5 (camissolas, brochuras, guantes de látex, mascarilhas de papel, um spray e até um tira-coios!!). Agora profundizamos mais na notícia e publicamos a Convocatória do 3 de junho; um extracto dum Chamado a construir umha forte Campanha de Denúncia contra as detençons, no que se profundiza no sentir de que a Goiânia está servindo como laboratório do tipo de repressom a ser feita durante a Copa em tudo Brasil; umha Carta Aberta ao Camaradas escrita pelos presos e outra Carta do compa anarquista em fuga Tiago Madureira:

1) Convocatória Jornada de Luita em 3 de junho "NÃO VAI TER AMISTOSO, NÃO VAI TER COPA!!":
O governo tenta empurrar umha Copa do Mundo que se realizara através de desvios de verbas e precarizaçom da vida da populaçom pobre, porém a luita contra a violaçom dos direitos do povo permanece. A maior parte da populaçom recebe pouquíssimo e trabalha em situaçons insalubres, muitas vezes sem direito algum e sofre com os altos preços dos alimentos, escola pública ruim e morrem nas filas do SUS. Por isso, convocamos o povo pobre para ocupar as ruas de Goiânia no dia 3 de junho, dia em que os conglomerados empresariais e financeiros que estám lucrando com a Copa e querem realizar um amistoso da seleçom brasileira.

NÃO VAI TER COPA, SÓ REVOLTA!

NÃO VAI TER AMISTOSO!
NÃO VAI TER COPA!!!

É BARRICADA, GREVE GERAL!
AÇÃO DIRETA QUE DERRUBA O CAPITAL!


2) Repressom em Goiânia: um laboratório do que está por vir durante a Copa (Recolhemos só um extracto, se queredes lêr á íntegra vissitade esta ligaçom da web "Passa Palavra"):

Convém que todos e todas militantes das lutas sociais do período recente tomem conhecimento de que estám sendo expedidas e já foram anunciadas diversas outras prisons de militantes da luita do transporte nesta cidade. A acçom conjunta de órgãos repressivos está tentando estender a várias outras pessoas da cidade a acusaçom de incitaçom ao crime, formaçom de quadrilha, depredaçom de patrimônio e outras alegaçon. Trata-se de umha acçom capitaneada pela recém-formada Delegacia de Repressom ao Crime Organizado (DRACO) de Goiás, mas há indícios de que a operaçom conte também com a participaçom da Agência Brasileira de Inteligência e a Polícia Federal.

Diante disso, pensamos que é importante que se construa uma forte campanha de solidariedade e denúncia e que se entre em contato com o maior número possível de companheiros, colectivos, movimentos e organizaçons com a finalidade de fazer repercutir o caso e, obviamente, exercer pressom pela libertaçom dos militantes.

Parece-nos que Goiânia está servindo como laboratório do tipo de repressom a ser feita na época da Copa, algo que vem sendo preparado desde o fim do ano passado, quando se proclamou que o monitoramento de “movimentos violentos” estava acontecendo.

Pensamos ser importante ter umha noçom detalhada do tipo de acusaçom que os participantes da Frente de Luta estám sofrendo e do tipo de atuaçom conjunta entre empresas e Estado que vem se desenvolvendo. Para isso publicou-se na web Passa Palavra um texto ao respeito e a ligaçom a umha cópia digitalizada da decisom judicial(que podedes lêr na mesma ligaçom antérior).

3) Carta aberta aos camaradas

Enviamos-lhes esta carta para tranquiliza-los, primeiramente, de nossa situaçom, que embora nom seja a de estar lado a lado com aqueles com quem lutamos, de estar com os amores que tanto prezamos, de estar com a família que tanto estimamos, é a melhor das possibilidades na situaçom em que estamos.

Por tantas vezes que estivemos juntos e em solidariedade. Sabemos que aqui se encontram apenas três do crescente enxame de moscas que se cansaram de ciscar no lixo em que se encontra a sociedade.

Tudo que se transforma evolui, devemos manter a constante activamente em tentar mudar o que nos consome, o que nos destrói. Temos estado, em maior e menor grau, cientes dos recentes acontecimentos. O importante é que nom atendamos ao evidente intento deste enjaulamento de patente motivaçom política.

Pegaram-nos de madrugada, mas sabemos que a noite é mais escura um pouco antes do amanhecer. Nom nos deixemos abater, nom nos dobremos, nom abaixemos as cabeças. Sabemos quais som os interesses do estado e qual é sua razom de ser e com quem é seu conúbio. Os dias e anos passam e lembremos que estamos em maio, muitos já passaram e vários outros virám.

Agradecemos a todos pelos esforços prestados em nossa causa, pelo caloroso apoio por todos dado, sem os quais estaríamos por certo, em situaçom bem pior.

Aos amores, imensa saudade do calor que de jato bombeia em nossas veias, aos amigos e familiares a certeza de que nom nos envergonhamos de enfrentar de frente com nossas posiçons, a repressom que assola todos que desestabilizam o Status Quo.

Umha efusiva saudaçom aos companheiros e às companheiras a quem esta chegar, nunca existiram melhores. Sugerimos que bebam e festejem, no melhor estilo comum parisiense, em nosso lugar.

Um grande abraço aos camaradas.

e 4) Carta de Tiago Madureira Araujo Companheirada:

Quero trazer alguns esclarecimentos sobre o que está acontecendo. Na sexta feira, 23, a polícia efectuou a chamada “Operaçom 2,80”, que visava prender pessoas que participaram de manifestaçons pelo transporte e contra o aumento da passagem em Goiânia. Quatro mandatos de prisom preventiva foram emitidos. Três jovens, Heitor Vilela, Ian Caetano e João Marcos foram presos. Eu, o quarto indiciado, ainda nom fui encontrado, e pretendo continuar assim.

As acusaçons som de que lideraríamos umha organizaçom criminosa que estaria promovendo actos de vandalismo contra o patrimônio de empresas de ônibus, inclusive o inquérito aponta que somos responsáveis pela depredaçom de 104 veículos. Também nos acusa de por em risco a vida de outrem e de incitar a violência pelas ruas da cidade. Som acusaçons graves, levianas, motivadas exclusivamente por um critério político que tem como objectivo marginalizar as movimentaçons populares, através da criminalizaçom de alguns indivíduos falsamente apontados como líderes, para garantir a tranqüilidade para a realizaçom da Copa do Mundo de Futebol e, principalmente, para tentar desmantelar todo o ímpeto resoluto e independente que estas mobilizaçons têm demonstrado. Vou brevemente argumentar sobre as acusaçons:

Quando acusam pessoas que se organizam em um movimento social público, cujas reunions som abertas e que nom faz nengumha espécie de recorte ideológico-filosófico de ser umha quadrilha, estám atacando, na verdade, o direito à organizaçom popular. É exactamente isto que querem impedir: que as pessoas, especialmente a juventude e os sectores mais precarizados da sociedade, juntem-se, cheguem a acordos e se organizem para levar adiante, com as próprias mãos, a luta pela implantaçom de projectos e políticas que sejam do interesse de suas comunidades. A criminalizaçom da Frente de Lutas pelo Transporte é a proibiçom explícita da criaçom e consolidaçom de espaços para a movimentaçom social.
Esforçam-se para imputar a nós o rótulo de líderes, mas, mesmo que nos condenem ao cadafalso, nom conseguirám com isso parar a insatisfaçom popular, pois esta insatisfaçom nom é algo artificial criado por líderes ou umha organizaçom qualquer. Ela é fruto da humilhaçom cotidiana que é ser espremido em ônibus superlotados, pelo preço abusivo da passagem, pelas horas de espera intermináveis em terminais e pontos, pelos carros velhos e sucateados. Nom somos líderes desta indignaçom que tomou conta d@s morador@s da periferia de Goiânia que dependem do sistema de transporte coletivo. Nengumha pessoa em sã consciência, ou grupo político com o mínimo de honestidade, teria coragem de se dizer líder de manifestaçons que surgem sem previsom, que brotam, com cada vez mais freqüência, como resposta concreta a situaçons de momento: atrasou o ônibus as pessoas fecham o terminal.

A imprensa, em sua maioria, faz seu sensacionalismo idiotizante sobre depredaçom de patrimônio público e vandalismo, mas cabe aí algumas ponderaçons. Primeiro que estes ônibus nom som patrimônio público. Som patrimônio de grupos empresariais milionários. Nom existe transporte público em Goiânia. O que existe é a necessidade pública de se locomover e a exploraçom desta necessidade por estas empresas, entrincheiradas na RMTC. Quando um ônibus é queimado ou quebrado o prejuízo é das empresas, e se por acaso os cofres públicos som sangrados por isso é porque algum esquema mafioso foi montado para garantir, a qualquer custo, o lucro empresarial. E se isto acontece exigimos que seja publicizado. Quanto ao vandalismo, nom posso condenar um pai ou mãe de família, um garoto ou garota da periferia que, cansado do sofrimento e do flagelo, da desumanizaçom cada vez mais profunda do transporte, da oneraçom do parco orçamento da família trabalhadora, num momento de desespero e revolta joga umha pedra em um ônibus. É a inversom completa da realidade. A conseqüência, que som os ônibus depredados, é apresentada como toda a questom, enquanto a causa primeira, que é o miserável serviço oferecido pela Máfia do Transporte (Consórcio RMTC e seus lacaios políticos) fica secundarizado. Mas esta secundarizaçom é apenas midiática, pois apesar dos esforços de maquiagem na imprensa nossas vidas continuam as mesmas e o resultado som estes que seus jornais noticiam com tanto alarde, como se fosse obra de um pequeno grupo de malfeitores.

Acusam-nos de fazer apologia à violência por posts no facebook e panfletos. Meus caros, o que é isso? Polícia do pensamento? Censura? Eu pergunto, um filme que mostra a história de um serial killer vai influenciar as pessoas a sair matando? Entom porque um cartaz com o desenho de um ônibus em chamas influenciaria alguém a queimar um veículo? Isto nom passa de UMHA INTERPRETAÇOM POLÍTICA feita pelo magistrado que mandou nos prender. Na verdade o que os assusta nos cartazes é o chamado à mobilizaçom, à organizaçom e à luita. É seu conservantismo político que, a serviço dos interesses dos mais ricos, vê em nossos panfletos chamamentos para a violência. Argumentam que pomos em risco a vida de outrem, quando na verdade é sua polícia militar que se infiltra nas manifestaçons para implantar a desordem, prender, assediar, espancar, torturar e, mesmo, chegar às vias de fato contra trabalhador@s e jovens que estám nas ruas protestando. Esta polícia que bate nas ruas, espanca nos terminais, invade para torturar até mesmo num show de Rock em Repúdio à ditadura militar e que mata todos os dias na periferia é que põe em risco a vida de outros e propaga a violência. Actuaçons que lembram gangs, provocaçons, abusos de toda espécie estám no repertório desta corporaçom que actua a serviço dos interesses do empresariado, sob as ordens dos governos federal, estadual e municipal. A reacçom de manifestantes que, para nom serem esmagados e agredidos, atiram paus contra umha tropa sanguinária nom pode nunca ser comparada com a demência bárbara que estes agentes têm protagonizado em nossas manifestaçons.

Todo o inquérito e a decisom judicial, que estám divulgadas na internet, som baseados em suposiçons. Nom foi apresentada nengumha prova objectiva que ligue eu, Ian, Heitor e João Marcos a nengumha das acusaçons. A prisom preventiva É UM ABUSO e umha DECISOM POLÍTICA. Privar pessoas de seu cotidiano, sem julgamento, sem provas, por que participaram de passeatas é, sim, a realizaçom de um estado de exceçom que, com certeza, será ampliado para todo o país caso nom o derrotemos agora.

Também é falsa a afirmaçom de que somos membros do “movimento estudantil popular revolucionário”. Nem eu, nem nengum dos indicados participamos desta organizaçom, inclusive temos opinions distintas do movimento em questom. Mas, eu pessoalmente, penso que este boato é a tentativa de criminalizar, indiretamente, este grupo também e me solidarizo aos seus membros.

Agora peço à tod@s que nom se amedrontem. Que nosso flagelo sirva de combustível e inspiraçom para a manutençom e a ampliaçom da luta e da organizaçom popular em Goiânia. Eu pretendo manter meu direito de nom ser localizado e, enquanto puder, nom quero estar sob as garras e grades do estado burguês. Aproveito para deixar claro que, apesar da minha vontade, posso ser preso a qualquer momento e penso ser de profunda importância que meu caso seja mantido em visibilidade, para que nom aconteça de eu ser capturado sem o conhecimento d@s companheir@s, o que me colocaria numha situaçom mais delicada do que a que já me encontro, pois poderia sofrer com torturas e, quiçá, algo pior. Divulguem amplamente o que está acontecendo comigo e com os camaradas. Nom esqueçamos do companheiro MIKE, que está detido desde o dia 15 de Maio por participar de umha manifestaçom espontânea no terminal Padre Pelágio. Estou sabendo da manifestaçom de amanhã e meu peito se encheu de esperança. Saíam às ruas amig@s! Vamos mostrar que este levante que tem acontecido nos terminais faz parte de um processo bem germinado de consciência popular e de gana pela luta. Nom parem as manifestações, nem a mobilizaçom. Se a caça as bruxas começou em Goiânia é aqui mesmo que começaremos a apagar as fogueiras desta nova inquisiçom!

Abraços apertados nos meus amigos Heitor, Ian, João e Mike. Estaremos festejando nas ruas em breve meus companheiros.

Liberdade para tod@s nós, pres@s políticos!
Nom a criminalizaçom dos movimentos sociais!
Se nom tem transporte, saúde, educaçom, moradia e direitos NOM VAI TER COPA!
Viva o povo organizado e combativo! Viva a Frente de Lutas!

TIAGO MADUREIRA ARAUJO – BRASIL 26/05/2014


Notícia recopilada e publicada x eDu

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