Reproduzimos esta convocatória europeia facilitada por ANA-agência de notícias anarquistas:
Setenta anos depois da Segunda Guerra Mundial e da derrota do fascismo, a Europa se encontra frente ao desafio de umha ultradireita nazi e racista em ascensom. Em tempos de crise econômica e de duros ataques contra os direitos dos trabalhadores e da populaçom em geral, especialmente os direitos dos povos do sul da Europa, da França até a Ucrânia (com os nazis no poder) e da Noruega até a Grécia, partidos e grupos xenófobos começam a ter influência na sociedade, inclusive nas classes pobres e excluídas, por toda a Europa. Começaram a tomar parte na formulaçom de desenvolvimentos políticos e a se envolver nas sociedades, colégios, ruas e bairros da classe trabalhadora, assim como em parlamentos nacionais e instrumentos estatais, sobretudo na polícia.
A ascensom da ultradireita Nazi e racista nom surgiu do nada. Foi disparada pelas políticas anti-imigraçom dos governos europeus, pelo crescimento da islamofobia, pelo conceito de umha Europa-fortaleza, pela histeria, o terror e a xenofobia propagadas pelos meios de massas; se alimenta do desenvolvimento de diversos nacionalismos, como resposta desorientada à globalizaçom capitalista, da irresponsabilidade do imperialismo e da demonizaçom das diferenças culturais; foi acelerado pelo aumento da repressom estatal, o cancelamento dos direitos de grande parte da classe trabalhadora e o aumento do desemprego; é estimulado pela fragmentaçom social e a crise de identidade de amplas camadas da populaçom, com o pano de fundo dos valores tradicionais (pátria, fé, família, etc.), o reforço dos padrons sexistas e patriarcais, os modelos de comportamento militaristas e machistas; é legitimado pela corrupçom e a falta de confiança no sistema político que está no poder, pela carência de acçom política radicalmente anti-sistema nas décadas passadas e pela confusom ideológica de grande parte da classe trabalhadora.
Desta forma, no entorno favorável da “lei e da ordem”, a “consolidaçom da segurança” e a “luta contra o crime”, nazis, fascistas e racistas apontam suas armas, metafórica e literalmente, contra o novo “inimigo interno”: homens e mulheres imigrantes, refugiadxs, ciganxs, gays, lésbicas, transexuais, seropositivxs, e qualquer pessoa que nom esteja de acordo com as normas e estereótipos dominantes. As mesquitas e sinagogas, assim como os lugares onde se reúnem as pessoas sem teto ou viciadxs em drogas, enfrentam a violência nazi.
Por desgraça, assim como se provou ao longo da História, a retórica e a acçom fascista coincidem com os objetivos dos governos e da autoridade, mesmo que as vezes pareçam se enfrentar ou tentar restringir xs fascistas; depois de tudo, som o último argumento dos estados quando todas as outras ferramentas para a manipulaçom política e ideológica da sociedade foram esgotadas.
Particularmente hoje, quando os ataques neoliberais contra os direitos sociais e as liberdades políticas nom param de crescer, quando as práticas do “estado de emergência” constituem a base da maioria das políticas governamentais europeias e das estratégias da Uniom Europeia, quando a democracia parlamentar foi reduzida a “democracia governamental”, a luta contra o racismo, o fascismo e o Nazismo, para que seja efetiva, tem de se focar também contra aquelxs que saqueiam e destroem sociedades, que se alimentam da “guerra contra xs pobres” para permanecer no poder, aquelxs que impõem a uniformidade asfixiante da pureza nacional e racial, a normatividade sexual e o alinhamento político com sua própria ideia de legitimidade com o fim de aumentar a desigualdade social.
Racistas e Nazis definitivamente têm um oponente que continua ficando mais forte: o movimento massivo e plural que luta nas ruas de toda a Europa, nom só contra o terrorismo fascista, mas também contra aquelxs que o sustentam e protegem: as políticas contra movimentos de base, o comportamento policial arbitrário, o totalitarismo neoliberal em si e o sistema que o impõe.
Com estas ideias em mente, acreditamos que o Encontro Europeu Antifascista, que será em Atenas nos dias 11, 12 e 13 de abril, deve:
• Transmitir umha forte mensagem de luta coordenada contra o fascismo, tomando iniciativas em nível europeu (dias comuns de acçom, protestos frente a embaixadas de países culpados por crimes racistas, de Lampedusa até Farmakonisi, etc.) e a nível nacional ou local (bloqueio de um campo de concentraçom, apoio a um evento de orgulho gay em países onde estes eventos som reprimidos, etc.).
• Mostrar que a luta contra o fascismo e o Nazismo é ao mesmo tempo umha luta contra o racismo e o sexismo, fazendo o melhor uso da campanha, dos discursos chave e oficinas, incluindo seus textos e práticas; que umha pessoa antifascista nom pode apoiar políticas que promovam o fascismo, e que portanto nom pode ser sexista ou reclamar do número de imigrantes que vivem em seu país.
• Ajudar xs companheirxs, locais e extrangeirxs, que lutam contra o fascismo, conectar sua luta com a batalha de classes populares mais amplas, especialmente a juventude, e elevar suas acçons em todos os níveis: nas ruas, nos bairros, nas escolas, nos campos de futebol, nos centros de trabalho, na difuso de informaçom também nos tribunais, centros de detençom, etc.
• Contribuir, tendo em vista as eleiçons europeias, no destaque de alguns conflitos que normalmente som subestimados, como a igualdade social sem distinçom de origem, aceitaçom da diversidade como um princípio democrático, e nom como umha excepçom ou um privilégio, auto-determinaçom do corpo humano, eliminaçom da Europa-Fortaleza e garantia do direito a liberdade de movimento, oposiçom completa à repressom estatal e a criminalizaçom da resistência militante.
Coordenaçom Antifascista de Grupos e Iniciativas em Athenas-Piraeus
Original em: http://antifasistikossyntonismos.blogspot.gr/
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