10 jun 2011

Violencia e nom-violencia (Massimo Passamani)

Co gallo das palestras que o escritor anarquista Massimo Passamani deu en diversas cidades galegas no marco das Xornadas Libertarias (máis info aquí), reproducimos o seguinte texto sobre a dicotomía da violencia-non violencia extraído do seu libro "A Desorde da liberdade". Temática moi de actualidade dado á presente auxe da ideoloxía da non violencia que desprenden as movilizacións ó redor do 15M.


VIOLENCIA E NOM-VIOLENCIA:
O inferno dos vivos nom é algo que será; há um, é aquel que existe já aqui, o inferno que habitamos todo-los dias, que formamos estando juntxs. Duas maneiras há de nom sufri-lo.A primeira é doada pra moitxs: acepta-lo inferno e voltar-se parte dele ate o ponto de nom ve-lo mais. A segunda é perigossa e exije atençom e apredizagem continuo: buscar e saber reconhecer quem e qué, em meio do inferno, nom é inferno, e faze-lo durar e dar-lhe espaço.
Italo Calvino

As seguintes som umhas banalidades de base pra começar a tratar o assunto com fundamento. Meios e fins: isto é, dize-se, a política. A trágica experiencia de ao menos o último século ensinanos que nom se podem separar os meios dos fins, que aquelos contenhem a éstos. Á autonomia chega-se só mediante a autonomia. A autoorganizaçom da vida acada-se só autoorganizando as luitas. É preciso ainda demostra-lo?, Nom o figerom já a ditadura estalinista e a longa historia do parlamentarismo? Em poucas palavras: qualquer que fale de sociedade nom-violenta sem falar também da demoliçom do Estado e do capitalismo tem, nom um, se nom milleiros de
cadáveres na boca. Um Estado nom-violento é umha contradicçom terminológica. O Dereito sabe-o, e de feito fala de monopolio legítimo da violencia. Legítimo? E quem o di? O Estado. X nom-violentx cree-o. No melhor dos casos deu por boa a imagem que esta sociedade dá de si mesma, a dum pacífico mercado interrompido de quando em quando por algumha violencia. Se a etica nom tem nada que ver co dereito -que obedecendo ás leis converte-se hoje mais que nunca em cómplice do homicidio em massa-, a nom-violencia nom tem nada que ver com o código penal. “X nom-violentx o é só quando arrisca mais cx violentx”, escreve o companheiro Vicenzo Gugliardo, emcarceado por case vinte anos por ter participado na luita armada. Dende fai anos enpenhado em atopar jeitos de luitar que reduzam ao máximo a violencia no mundo, e em abolir toda lógica do sacrificio, escreveu depois de Génova que serve de pouco desafiar as zonas vermelhas se nom se abandoam as zonas grisses. A zona gris, na linguagem de Primo Levi, é a da colaboraçom entre alguns/as internxs dos láger e xs seus/suas verdugxs e, mais em geral, entre um pobo e xs seus/suas opresorxs. Nom é ainda hoje a nossa colaboraçom a zona gris que fai continuar o inferno? Pode-se, polo tanto, ser nom-violentx sem rejeitar colaborar co Estado? Pode-se ser nom-violentx e apoiar a quem bombardea poboaçóns enteiras, famea e desertifica paises, e encerra a quem nom tem os documentos em regra? Pode-se ser nom-violentx e aceptalas cárceres? O objetivo da nom-violencia nom pode ser outro que umha sociedade sem Estado e sem dominaçom. Utopia? Quizais, mas é precisso escolher entre ética e realismo político.
Acho que todo o que tende de maneira concreta a umha sociedade assim som praticas de liberaçom, é liberaçom em si mesmo. Poderia-se acasso realizar tal sociedade sem chocar coa policia? Isto escrevia Aldo Capitini, um dos maiores teóricos da nom-violencia na Italia:
A nom-violencia nom é apoio á inxustiza...É precisso ter claro que a nom-violencia nom se coloca ao lado dxs conservadorxs e dxs carabinieri, se nom precissamente do lado dxs propagadorxs dumha sociedade melhor, levando ate ela o seu método e a sua realidade...A nom-violencia é um ponto na mais profunda tenssom do subvertimento dumha sociedade inadecuada.
Capitini, aunque poderiamos também citar a Gandhi, propugnava a sabotagem das estruturas opressivas como método de luita nom-violenta. Qué dim xs nom-violentxs que berram contra o terrorismo, isto é, contra a violencia cega e indiscriminada, quando alguém sabotea umha central nuclear ou um laboratorio de biotecnologia? Acçons assi, produzem ou destruem a violencia? Nom-violencia é aqui outro nomem pra indolencia e cobardia.
A questom é que todx-lxs defensorxs da ordem definem nom-violencia como respeto da legalidade e do dialogo democrático. Quase todx-lxs que se dim nom-violentxs aceptam esta mistificaçom. Nembargantes as maiores violencias cometidas polo Estado som perfetamente legais, é dizer, xuridicamente xustificadas polo simples feito de que é a força ( nom só no senso militar, se nom também económico, meiatico, social) o fundamento do dereito. O “diálogo democrático” é polo tamto exatamente o contrario dum dialogo real: pra dialogar verdadeiramente, vimo-lo, fai falha partir dumha condiçom de reciprocidade. Se algumha das partes tem o poder de impor unilateralmente as perguntas, as respostas estarám sempre ao seu servizo. Neste casso pode-se dizer que as perguntas respondem-se elas mesmas. Um geral americano e um rapaz afgám podem dialogar na medida exata em que Agnelli (dono da Fiat) e os seus obreiros em greve som iguais ante a lei.
“Violentx”, “terrorista”, é hoje qualquer que rejeite o dialogo coas instituçóns, aunque somentes destrua máquinas pra fazer falar ao homem. Quem manda , determina o senso das palavras. Quem determina o senso das palavras, manda.
Por qué pra xs dirigentes é tam importante impor o seu senso as palavras? Porque sabem que umha revelióm contra a lei é umha posivilidade que existe de maneira concreta no mundo, porque sabe que ali onde xs humilhadxs, xs dominadxs, xs explotadxs dialogam realmente nom há espazo pra o diálogo fiticio da democracia. Por isso xs libertarixs dam medo, porque a autoorganizaçom da que falam existe já.
E sobre isto cedo a palavra agora a Gunter Anders, que assim escrevia no1987, a os 85 anos, depois de ter visto o nazismo, Hiroshima, Vietnam e Chernobyl:
Dende o momento em que já nom podemos ficar indiferentes olhando o nosso fim e o dos nossos filhos -umha indiferencia assi sería homicida- tampouco podemosrejeitar a luita contra xs agresorxs coa argumentaçom segúm a qual o mandamento “nom matarás” nom admite nemgumha excepçom. Sim admite-a. Incluso exige-a, no caso de que mediante esse ato-excepçom salvem-se mais pessoas das que morirám a causa sua. Devemos pois aceptar a guerra que nos imponhem. E isto -nos certamente nom seremo-lxs primeirxs, mas de seguro seremos xs derradeirxs- coa mesma desesperada determinaçom coa que fai meio século milheiros de homes e mulheres em diferentes paises europeos conquistados por Hitler tiverom aceptar a luita contra a política de exterminio do nazionalsocialismo.
Todavia hoje, também fora da Francia, a palavra résistance segue soando igual de bem. Deveriamos estar avergonhadxs fronte a essa geraçom? Entom, de feito, forom só xs mais innobres xs que tiverom “a coragem da cobardia”. Quer dizer, a coragem de nom oferecer nemgumha resistencia, jactándose incluso -como fam hoje certxs opositorxs ao nuclear- de limitar-se a “resistencia nom-violenta” por motivos xurídicos, morais ou relixiossos. Por mor dessa limitaçom perderom a vida um gram número de pessoas. Agora trata-se dum número imcomparavelmente maior ca entóm. Porque o perigo agora nom é só moito mais grande, se nom que é -a comparaçom nom alcança- total. E poderia ser definitivo.
Por isso nós nom podemos -agora menos incluso que entóm- conformar-nos com “happenings” e moito menos jactarnos de tal limitaçom. Devemos polo contrario tentar combater a xs atuais inimigxs e agresorxs coa mesma falha de miramentos coa que 45 anos atrás xs partisanxs tentarom combater, extenuar ou rematar com xs ocupantes e opresorxs nacionalsocialistas nos seus paises. E devemos polo tanto senti-lo dever de mudar-nos em partisanxs.

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