Reproduzimos esta informaçom facilitada por ANA - Agência de Notícias Anarquistas:
Em dezembro de 2012 os zapatistas de Chiapas, México, fizeram uma chamada internacional pela solidariedade e a difusom da luta pela democracia, a igualdade e a justiça em todo mundo. Nós somos a Sexta.
Há anos que temos deixado de buscar salvadores que nos conduziriam a uns paraísos que eles planificariam para nossa redençom. Cremos que nós mesmos somos os responsáveis do paraíso, o qual temos elegido viver no agora, sem nengumha expectativa de um futuro que nom concirna à vida e às relaçons do presente.
Através de nossas lutas temos visto os muitos erros que temos feito, e como a negaçom de um mundo que está baseado na exploraçom, na desigualdade, no Poder, nom é suficiente por si mesma para derrotá-lo, e muito menos para mudá-lo. Nós percebemos que a recusa é enxertada apenas naquelas almas que acreditam (geram) relaçons cotidianas de alegria, edificando a solidariedade, a autonomia por e para a gente decente, sem a necessidade de patrons, políticos ou de qualquer outro representante. Já começamos a construir, e queremos construir um mundo de autonomia.
Reconhecemos, claro, ainda que seja agora, que a destruiçom do autoritário existente enche nossos pulmons de ar fresco e vontade de construir o novo sobre as ruínas do velho. Vemos como muitas pessoas como nós, que nom vam carregadas da etiqueta de anarquista, de quebrador de cristaleiras ou de extremista, desfrutam desta destruiçom da mesma maneira que nós. Por outro lado, à destruiçom e ao caos do capitalismo nom se contesta só fazendo sabotagem a ele, senom que também com a liberaçom social de estructuras, recursos e sobretudo de relaçons, os quais, “os de cima” tem atado e seguem atando com grande esmero ao carro que está arrastando nossos cadáveres, nos mercados, nas fábricas, nas escolas, nos hospitais e em outros lugares.
Consideramos que haja um grande sol vermelho que sai do leste e se pom no oeste para todas as pessoas em todo o mundo. Este sol de hoje a lógica dominante do Estado e a patronal o priva a milhares de milhons de pessoas em todo o mundo: aos operários e às operárias, aos desempregados e às desempregadas, aos homens e às mulheres, sejam nativos em umha terra ou imigrantes. “Os de cima” privam os meios (recursos) a “os de baixo”, ferramentas, as maneiras de construir um mundo de felicidade colectiva. “Os de cima” fecharam umha cortina negra sobre a humanidade de “os de baixo”, e os ataram com as correntes que ainda levam postas.
Nom aspiramos a substituí-los, como umha vanguarda, como um novo “partido”, como um Poder que conduz “os de baixo”, nom temos nengum conhecimento superior do acontecido, nom actuamos de umha maneira hierarquizada em relaçom com as forças sociais existentes que destroem e criam, resistem e desencadeiam a evoluçom de nossa vida diária. Somos parte destas forças e nos colocamos conscientemente dentro delas, contra os “de cima” pela liberaçom social.
Entre nós, vai encontrar desempregados e desempregadas, operárias e operários, médicos e advogados, professores e estudantes, pessoas diferem entre si, mas em conjunto constituem o poder da autonomia de “os de baixo”.
Reconhecemos a diversidade como umha força de retençom de qualquer Poder, mas também como umha força de intervençom activa até a mudança e a evoluçom. As autoridades utilizam a diversidade, classificando às pessoas em tabelas de linhas e colunas, desejando deste modo extrair delas o máximo de sua energia, com o fim de transformá-la em produtividade, consumo, espetáculo. “Os de cima”, em todas as instituiçons sociais ordenam a “os de baixo” estar encerrados nas celas de sua vida cotidiana, nas escolas e nas fábricas, no seio da família e nos governos locais, nas filas do supermercado e nos grandes armazéns, nos consultórios médicos e nas clínicas.
Queremos liberar cada recurso, cada estrutura, cada canto desta terra, na qual vivemos sendo elos da cadeia da ganância e da exploraçom. Nom reconhecemos a nengum patrom na Terra em que vivemos, a nengum banqueiro ou banco, a nengum caudilho na família e nos partidos, o direito a governar nossa vida. “Os de cima” levam séculos gerindo nossa própria miséria, com a cenoura ou com o chicote, para sua satisfaçom imoral e para obter mais benefícios, mais riqueza, mais poder. Lutamos e seguiremos lutando até o final para liberarmos da escravitude de “os de cima”, criando resistências assim como novas estructuras em cada sector da vida, no qual nom há nem “os de cima” nem “os de baixo”.
Descobrimos no decurso dos séculos que a única maneira de conseguir um bom governo é o diálogo e a criaçom de pequenos e grandes acordos (unanimidades) entre os que pertencem a “os de baixo”. Para nós a Democracia, ou seja, o Poder do demos (povo, cidadania), pode existir só em formaçons colectivas, nas quais tudo é decidido por todos, tudo é controlado por todos, tudo está a cargo de todos, em umhas estructuras sem alguns eternos “desde cima”. E isto se consegue mediante o uso comum e nom a propriedade (privada ou estatal) dos meios de produçom, dos recursos, das ferramentas, dos espaços públicos. Ninguém tem direito a usurpar a riqueza que criamos colectivamente durante toda umha vida. Todos têm direito a todos os recursos, ferramentas, espaços públicos, para satisfazer suas necessidades e desejos, para desenvolver suas habilidades (destrezas), que generosamente oferecem aos demais com o fim de que se alcance a felicidade colectiva. E esta felicidade, inclusive hoje em dia a conjuntura de crise, se encontra em cada momento de nossa convivência, nas assembleias, em nossas lutas, na edificaçom de umha vida nova.
Vemos que nossos irmáns e irmãs em todo o mundo, pouco a pouco vam despertando-se da letargia da felicidade de plástico do capitalismo e do estatismo, e estám reclamando o óbvio, a autonomia de seus corpos, de suas relaçons, dos espaços públicos, das fábricas, das universidades, etc. Na Turquia, Egito, Espanha, Alemanha, América, México, China..., em todo o mundo se estám desencadeando explosons pequenas ou grandes, cuja principal característica é a activaçom de “os de baixo” contra “os de cima”. Estamos nos fixando neles, estamos comparando, analisando, estamos nos colocando em contato com eles, aprendendo de suas lutas e erros, já que eles também aprendem dos nossos e estamos seguros disso. Já que é tempo que todas estas pessoas diferentes entre si em todos os cantos da Terra desenvolvam um movimento global de solidariedade e luta pela democracia direta, por justiça, por bens públicos e livres.
Pela paz mundial, em um mundo de mundos e singularidades autônomas, pela felicidade e a vida colectiva, em uma Terra de seus seres humanos e animais.
Por todas estas razones e por todas as razons dos insurgentes em todo o mundo, somos a sexta.
Vinte anos zapatistas... Somos vocês... Somos a Sexta.
Grupo Anarquista Baruti (Pólvora), janeiro de 2014.
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