5 abr 2013

Precisamos falar sobre o Facebook

Recolhemos de Nodo50 esta notícia que require ser expandida:

O colectivo tecno-activista alemám Nadir vem de publicar umha crítica moi acertada sobre o uso que fam de Facebook os/as militantes e activistas antisistema. Em Nodo50 compartilhamos práticamente o 100% deste artículo. Parece-nos moi importante que se abra este debate, assim que pedemos a máxima difusom.

Nadir foi fundado em 1993 e desde entom oferece serviços de Internet à esquerda radical alemana. É um projecto mais nesse arquipélago de servidores alternativos, nom comerciais e anticapitalistas do que Nodo50 também forma parte.

Precisamos falar sobre o Facebook

Por muitos anos temos provido servidores e infraestrutura de comunicaçom para a esquerda. Temos feito o nosso melhor para manter servidores seguros e temos resistido por vários meios a requisiçons a dados de usuário/a feitas por autoridades.

Em resumo: tentamos oferecer uma forma de comunicaçom libertadora dentro da internet capitalista.

Sempre vimos a internet como um recurso para nossas lutas, e ao mesmo tempo a reconhecemos como um terreno político controverso, e agimos em consonância com isto. Pensávamos que a maior parte da esquerda a enxerga da mesma maneira. Mas umha vez que mais e mais pessoas na esquerda tem "usado" o Facebook (ou o Facebook as tem usado), nom temos mais certeza sobre isso. Ao contrário, nosso trabalho político tem sido insuficiente e exaustivo. A comunicaçom criptografada com servidores autônomos nom é tida como libertadora, mas como irritante.

Disneylândia

Apenas nom perceberamos que, depois de toda a tensom nas ruas e todas aquelas longas discussons grupais, muitos/as ativistas parecem ter o desejo de falar bastante no Facebook sobre tudo e todos/as. Nom perceberamos que, mesmo na esquerda, o Facebook é a mais doce das tentaçons. Que a esquerda, como todo mundo, gosta de seguir a suave correnteza da exploraçom aonde ela nom parece fazer mal nengum e, mesmo só por umha vez, nom precisar resistir. Muitas pessoas sofrem de má consciência. Embora isto possa levá-las a antever as consequências fatais do Facebook, isso nom parece ter sido transformado em açom.

É realmente ignorância?

Só para dar um breve resumo do problema; ao usar o Facebook, ativistas nom apenas fazem sua própria comunicaçom, sua opiniom, seus "curtir", etc. transparentes e disponíveis para processamento. Ao invés disso -- e consideramos ainda mais importante -- eles/as exponhem estruturas e indivíduos/as que tem pouco ou nada a ver com o Facebook. A capacidade do Facebook de investigar a rede atrás de relaçons, semelhanças, etc. é difícil de ser entendida por pessoas leigas. O falatório no Facebook reproduz estruturas políticas para autoridades e empresas. Este falatório pode ser pesquisado, organizado e agregado nom apenas para obter declaraçons precisas sobre relaçons sociais, pessoas-chave, etc, mas também para realizar previsons, das quais se pode deduzir regularidades. Depois dos celulares, o Facebook é a mais sutil, barata e melhor tecnologia de vigilância disponível.

Usuários/as do Facebook como informantes nom-intencionais?

Sempre pensamos que a esquerda queria outra coisa: continuar nossas lutas na internet e usá-la para nossas lutas políticas. É disso que se trata para nós -- mesmo hoje. É por isso que vemos usuários/as de Facebook como um perigo real para nossas lutas. Em particular, ativistas que publicam informaçons importantes no Facebook (muitas vezes nom sabendo o que estám fazendo), que som cada vez mais utilizadas por órgãos de segurança pública. Poderíamos quase ir tam longe ao ponto de acusar esses/as ativistas de colaboracionismo, mas ainda nom chegamos a este ponto. Ainda temos esperança que as pessoas percebam que o Facebook é um inimigo político e que aqueles/as que o usam fazem-no mais e mais poderoso. Usuários/as ativistas do Facebook alimentam a máquina, e assim revelam nossas estruturas -- sem qualquer necessidade, sem qualquer mandado judicial, sem qualquer pressom.

Nosso Ponto de Vista

Estamos cientes que falamos "de cima". Para nós, que trabalhamos por anos -- e muitas vezes ganhamos a vida -- com a rede e com computadores, administraçom de sistemas, programaçom, criptografia e muito mais, o Facebook surge quase como um inimigo natural. E desde que também nos consideramos como parte da esquerda, isto soma-se com a análise da economia política do Facebook, onde "usuários/as" som transformados/as em produto a ser vendido e tornam-se consumidores/as ao mesmo. O jargom para isso é "geraçom de demanda". Percebemos que nom é todo mundo que lida com a internet de forma tam entusiasmática como nós. Mas que ativistas permitam que este Cavalo de Tróia chamado Facebook seja parte das suas vidas cotidianas, é um sinal e ignorância num nível crítico.

Instamos a todos/as: fechem suas contas no Facebook! Você está colocando outras pessoas em perigo! Aja contra esse monstro de dados!

Ainda: deixe o Yahoo! mail e companhia. Abaixo o Google! Contra a retençom de dados! Pela neutralidade da rede! Liberdade para Bradley Manning! Longa vida à descentralizaçom!

Lute contra o capitalismo! Também -- e especialmente -- na internet! Contra a exploraçom e a opressom! Também -- e especialmente -- na internet!

Encha o saco de seus/suas camaradas. Mostre-lhes que ao alimentar o Facebook eles/as estám escolhendo o lado errado!

nadir 10/2012

Reacçons ao artículo

O Colectivo Riseup, um proveedor de serviços de Internet para pessoas e grupos que trabalhem por umha mudança social liberadora, com base em Seattle (EEUU), reenviou o artículo de Nadir aos/às seus/suas usuários/as, engadindo a seguinte nota:

Temos colectivos tecnológicos aliados por tudo o planeta. Um distos grupos fijo publico umha crítica persuasiva sobre os/as activistas que usam Facebook. Os pájaros de Riseup estamos de acordo com parte, tuda, ou case tudo o artículo, pero sobretudo cremos que é um gram lugar para iniciar a discusom. Assim que este mês, por favor passem esta ligaçom às suas amizades, camaradas, aliados/as, membros dos seus colectivos, voluntários/as, compas nos seus centros de trabalho – quem queira com quem se organicem.

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