Quando mil polícias, armados com canhões de água e gás lacrimogéneo,surgiram para “repor a ordem” os habitantes de Wukan resistiram ao ataque e não permitiram a sua entrada na vila, que se encontra agora cercada sem ninguém poder entrar ou sair.
Wukan é uma vila piscatória com cerca de 20.000 habitantes (em Portugal dificilmente teria o estatuto de vila…).
Na origem destes protestos está a decisão do governo local de expropriar a terra da vila para desenvolver projetos imobiliários. Este tipo de problemas tem criado tumultos um pouco por toda a China nas últimas décadas, mas penso que nunca se tinha chegado a um ponto em que todos os membros do governo de uma localidade, assim como toda a polícia, fossem expulsos. Como é evidente não há nenhuma informação nos media chineses sobre isto, mas um repórter do Telegraph conseguiu (inexplicavelmente!) entrar ontem em Wukan. Vale muito a pena ler o artigo que publicou ontem naquele jornal e também as notas que escreveu hoje no google+.
Tomo a liberdade de o citar aqui:
I
nside there are now no police, or government officials. It is the first time I’ve been anywhere without police in the almost four years I’ve been in China and it didn’t just feel liberating to me - the villagers are exuberant. There’s a constant buzz of excitement in the air, as young men run around, using walkie talkies to organise the resistance. Unlike many villages in the countryside, Wukan is also full of children, who seem to be enjoying the upheaval and sudden distraction of their parents.
Esta situação é bastante complexa, e não deve ser vista imediatamente como um protesto contra o governo central ou contra o partido. Este género de protestos, que como disse se têm repetido recentemente, têm normalmente como alvo o governo local, visto como corrupto e vendido aos interesses da construção. Neste como noutros casos há mesmo um apelo dos rebeldes ao governo central para que venha em seu auxílio e castigue os responsáveis pela violência.
Desta forma, será interessante ver como vai o governo lidar com isto, até porque sabendo que dentro de Wukan se encontra um jornalista estrangeiro com um ipad e ligação à net é evidente que as repercussões internacionais do que vier a acontecer são incontroláveis. Para já Wukan encontra-se em autogestão, e a julgar pelos relatos publicados as pessoas estão exuberantes.
[extraído de pt.indymedia.org]
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