4 ago 2011

Dez anos nom som nada (auto-entrevista do HipHopAteneu)


Após 10 anos como coletivo, pensamos que chegou o momento de fazermos umha reflexom crítica acerca da nossa história. Desde entom muitas cousas tenhem mudado, outras continuam igual, mas o Hip Hop Ateneu permanece em pé através dos projetos e experiências que nos definem. Em consequência com a nossa maneira de entender o hip hop e as nossas próprias vidas, decidimos fazer esta auto-entrevista, fugindo das revistas comerciais especializadas no género, meios de intoxicaçom informativa, etc... Achamos que o jeito mais genuíno e próximo para nos comunicarmos contigo é este.

O QUE É O HIP HOP ATENEU?
É um coletivo que nasce em começos do ano 2000, num momento em que nom havia nem muitos meios nem demasiada infraestrutura e cada um ia por livre. Perante esta situaçom, decidimos criar um ponto de encontro e coordenaçom entre gente afim para podermos desenvolver projetos em comum desde a nossa filosofia.

E QUAL É A VOSSA FILOSOFIA?

Há que levar em conta que o HHA nom somos as “hermanitas de la caridad”. O HHA é umha autêntica família de delinquentes, ionquis, putas, travestis, imigrantes, parados, amas de casa, menores de idade... Que queres que che diga, o hip hop é parte de nós, nom é umha mercadoria, fazemos hip hop anticomercial conetando com a gente da rua, com os projetos reais, rádios piratas, centros sociais, casas okupadas, asociaçons de vizinhas, meios contrainformativos... Como dizia a velha escola:"por nós e para nós", ou como diziam os velhos punks:"fai-no tu mesmo". Crescemos à margem das instituiçons e as grandes empresas, nom precisamos nem do seu dinheiro nem dos seus meios de comunicaçom, nem nos disfarçamos de nada por umha esmola. Como essas revistalhas ambíguas do género, que tratam de agradar a todas e que estám controladas polo homem do traje. Todas essas revistas que parecem umha versom hip hop da "Superpop", onde dim como tés que vestir, que é o que tés que ouvir, e onde pensam que sentam cátedra sobre o que serve e o que nom. Nós combatemos essa escumalha. Para nós o hip hop é a nossa vida, nom um trabalho. Quem gosta de trabalhar? Nom vivemos dele, vivemos com ele e utilizamo-lo como ferramenta para exprimir o que somos e conseguir o que queremos. É por isso que acreditamos na autogestom.

EM QUE CONSISTE A ATIVIDADE QUE DESENVOLVEDES? PODEDES FAZER UM BALANÇO DESTES 10 ANOS?

O Hip Hop Ateneu está integrado por gente que se dedica ao graffiti e ao rap, mas à margem dos projetos individuais o primeiro que figemos como coletivo foi um programa de rádio a nível local na emissora livre da nossa cidade, Rádio Kalimera. O programa durou um ano, entre o 2001 e o 2002. Havia hip hop, entrevistas, atuaçons ao vivo e algumha chamada polêmica. Naquela altura, algumha gente do coletivo junto com outra gente okupámos um local no centro da cidade para fazer um centro social, ali passámos a realizar as atividades do coletivo (ensaios,graffiti,concertos..).Também começámos a organizar os primeiros micros livres abertos a toda a malta. Talvez tenha sido essa a faísca que acendeu toda umha tradiçom na nossa cidade que se mantém até o dia de hoje. Nada que ver com as batalhas de galos. A gente ia para mostrar as suas habilidades e para aprender outras, respirava-se um espírito de respeito que substituía, polo menos nesses momentos, o falso ideal de competiçom. Também editámos um compilatório no 2003 onde apareciam todas as bandas compostelanas de rap sem excepçom nengumha. Tratámos de lhe dar um formato "do it yourself" completamente anticomercial, com um preço assumível para qualquer pessoa e mostramos-lhes às bandas que participárom a nossa maneira de fazer as cousas. Outra das funçons do coletivo foi funcionar como rede de apoio a todos os projetos que o integravam.
Por volta do 2005, o HHA caiu em inatividade. Muitos membros vírom-se forçados a emigrarem para viver, otros continuárom a fazer cousas à sua bola, a outros passou-se-lhes o arroz ou desaparecêrom (a vida pirata, a vida melhor) e finalmente algum mau rolho acabou por paralisar o projeto durante um tempo. Nestes anos de "silêncio" a lenda que acompanha a história cresceu e os vínculos nunca se perdêrom, fortalecendo-se mesmo devido à distáncia. Isto leva-nos ao momento atual, umha situaçom que nos obrigou a tomar a decisom de "matar" ou "morrer". Na atualidade as cosas estám muito estranhas no hip hop. Hoje mais do que nunca tornou-se umha mercadoria, e deitou-se terra por cima da essência subterránea desta movida, e em parte sentimo-nos culpáveis de nom ter estado juntos em pé de guerra fazendo frente a toda essa onda de atitudes comerciais e nogentas durante estes 5 últimos anos. Agora mesmo estamos a trabalhar num disco do Hip Hop Ateneu. Está a ser umha experiência muito positiva, nom queremos adiantar nada, mas com ele vamos demonstrar que sempre estivemos aí e que vimos mais fortes que nunca. Vai ser umha autêntica punhada de realidade, nom somente para os b-boys, mas para a gente em geral. Também organizámos a primeira ediçom dumha jam à que queremos dar continuidade. Com ela queremos criar um ponto de encontro e referência na nossa cidade para a gente que entende o hip hop dumha maneira similar a nós, resgatar o espírito das block parties, dos encontros feitos por e para a gente, sem subvençons nem ánimo de lucro. A primeira ediçom foi todo um sucesso de afluência e participaçom. Queremos agradecer a toda a gente que colaborou ativamente com o coletivo, que foi muita e que foi a que fijo disto umha realidade.

O HHA TAMBÉM FOI RELACIONADO COM UM GRUPO CHAMADO IRA POSSE. PODEDES EXPLICAR-NOS EM QUE CONSISTIA ESSA RELAÇOM?
Bom, pretendia ser umha coordenaçom de distintas crews a nível galego, e acabou por se tornar o "braço armado" do Hip Hop Ateneu. Começámos coordenando-nos com Santa Crew de Padrom e também com gente da Corunha. A pesar de que no começo nos reuníamos para levarmos a cabo projetos mais construtivos, acabou por ser um grupo de intifada na rua, que adoitava aparecer com bastante regularidade nos jornais por causa dos seus atos vandálicos. Seguro que mais de um o lembra. A experiência durou um ano. Porém, a atividade foi tal que ainda perdura nas nossas cabeças e provavelmente na de mais de um por aí, assim que achamos que valeu a pena. Expropriaçom, extorsom ,sabotagem...só nos faltou o sequestro, vamos, que foi o único elemento do hip hop que nom tocámos, hahahaha!

FALASTES DUM DISCO EM QUE ESTADES A TRABALHAR. PODEDES CONTAR-NOS UM POUCO MAIS?
Falávamos antes de um período de latência. Este disco supujo um revulsivo para retomar a atividade em conjunto, nele estamos a maior parte do coletivo, alguns como Manu, Sire ou Dart desde a distáncia, com otros nem demos contatado, estám desaparecidos ou deixárom-no. Também participa muita gente que nom pertence ao coletivo, mas que achegou o seu graozinho de areia, já seja por afinidade ou de maneira desinteressada. O disco vai ser editado em dous formatos: o físico será em vinilo e também se poderá descargar gratuitamente em internet. Sairá em outono de 2011. Na parte gráfica trabalham os graffiteiros da crew no áudio há muitos mc´s, dj´s e produtores. Apesar de ser um compilatório soa a disco compato, a nível instrumental é muito fresco, os estilos variam muito, mas partilham umha linha. A gente vai-se surprender porque alternamos instrumentais clássicas com rolhos mais experimentais, mas partilhando conceitos em comum. O conteúdo transmite quem somos, é umha declaraçom de princípios, umha auto-reivindicaçom e um ataque social ao mesmo tempo. Poderedes encontrar desde egotrip a letras mais reflexivas e sociais, combativas... também há momentos para as risas, e as punhaladas tampouco faltam. Ao mesmo tempo, é muito autobiográfico. Há que levar em conta que decidimos fazê-lo num momento em que cumprimos 10 anos como crew e há muita história por trás. Seja como for, o disco falará por si só já tiraredes as vossas conclusons. O que está claro é que o rap real, a polêmica e a qualidade estám garantidas.

QUE RELAÇOM TEDES COM OUTROS COLETIVOS? CONHECEDES ALGUMHA OUTRA GENTE QUE DESENVOLVA UMHA ATIVIDADE SIMILAR À VOSSA?
Aprendemos muito dalgumha gente da Fundación Cru, que foi um dos primeiros coletivos de hip hop na cidade, mas realmente a gente que nos marcou, que alimentou a ideia de nos organizarmos como coletivo foi gente da ZNP+ (Zona Norte Positiva), em concreto Debie e Reas (de Valladolid) que na altura tinham o grupo Akoso Verbal, desde a distáncia ajudárom-nos muito. A día de hoje temos boa relaçom com toda a gente da nossa cidade, mas especialmente com:
o coletivo TeMazo, os breakers, PLP, Comando Katana, com a crew de graffiteiros NBK, também temos bom rolho com gente de Ponte Vedra, de Padrom, Corunha, Ferrol, do Porto, de Vigo,.. Também, e apesar de nom conhecê-los todos pessoalmente, há muitos outros polos que sentimos afinidade; gente como Folie à Trois o Costra Rap de Madrid, a plataforma Hip Hop Combativo... Sabotaje al Montaje, Edac Selectah, Doblejota, La Guarida 131, Vórtice, Fede el Apóstol, todos eles das Canárias... Uglys, Vagos y Maleantes de València, Criminal Mendas de Barcelona, Colectivo 29 de Marzo de Chile e muitos outros... Aqui só nomeamos uns poucos porque se nom poderíamos continuar assim até amanhá. Doutra banda, pessoalmente cada membro tem afinidade com muita outra gente. Queremos fazer umha mençom especial à Zona Norte Posse, que merecem todos os nossos respeitos. O mais real.


ALGO PARA ENGADIR?

Sim. Que nom nos confundam con outras crews. Nós nom estamos para viver de subvençons da Junta ou do Concelho da cidade. Há muita gente que com umha mao atira a pedra e com a outra apanha o dinheiro. Eles som os nossos inimigos. “Os avisamos: somos los mismos que cuando empezamos”. Em Compostela há umha escola própria, umha de Zaragoza e outra sevilhana. Adivinhade a qual pertencemos nós. Fazedes rap tirado dumha multicopista. Paz e respeito para a velha escola, eles som os pais e as nais, e se nom sabes de onde vés, nom sabes aonde vas. Estamos em guerra social . O Hip Hop Ateneu nem manda nem obedece.


nova tirada de galizalivre.org

6 comentarios:

  1. Making off do recopilatorio do HipHop Ateneu e entrevista a un dos seus membros:

    http://www.youtube.com/watch?v=DW3P-Al_cUQ

    ResponderEliminar
  2. O primeiro minuto e medio do video e un Making Off, e os últimos 10 minutos unha entrevista a un dos seus membros.

    ResponderEliminar
  3. Dende a comarca de Compostela chega o disco que conmemora 11 anos de andaina do HipHop Ateneu, un dos coletivos mais antigos, aínda activos do hip hop galego. No disco atopamos á maioría dos seus membros e algunhas colaboracións de luxo repartidos en 10 cortes que serven para achegarte á historia e á filosofía desta crew, totalmente anticomercial e autoxestionaria. Pedimos axuda para a súa difusión, recomendamos encarecidamente escoitar, copiar, compartir, difundir, criticar...

    descargao gratis en:

    http://hiphopateneu.blogspot.com.es/p/musica_1521.html

    ResponderEliminar
  4. http://www.youtube.com/user/hiphopateneu

    ResponderEliminar
  5. http://gzmusica.com/novas/discos/110-recompilatorio-do-hip-hop-ateneu.html

    ResponderEliminar
  6. http://elretroceso.eu/entrevista-hiphop-ateneu

    ResponderEliminar