2 nov 2011

A Moda Verde

Na fila do supermercado, o caixeiro di-lhe a umha senhora maior que deveria trazer a sua própria bolsa, dado que as bolsas de plástico nom som boas para o méio ambiente.

A senhora pede desculpas e explica: "É que nom havia esta moda verde nos meus tempos".

O empregado resposta-lhe: "Isto é agora problema nosso, pois a sua geraçom nom pujo suficinte coidado em conservar o méio ambiente".

O empregado tem razom: Na nossa geraçom nom havia esta moda verde:

Na altura, as botelhas do leite, as de gaseosa e as de vinho ou cerveja devolviam-se à tenda, a tenda enviava-las de novo à fábrica onde eram lavadas e esterilizadas antes de enche-las de novo, de tal jeito que se podiam usar as mesmas botelhas umha e outra vez. Assim, realmente reciclavam-nas.

Pero leva razom, nom tinhamos esta moda verde nos nossos tempos.

Subiamos as escadas, porque nom havia escadas mecánicas em cada comércio nem oficina.

Iamos andando às tendas em troques de ir em coches de 300 cabalos de potência cada vez que necesitavamos percorrer 200 metros.

Pero tem vostede toda a razom, nom tinhamos a moda verde nos nossos dias.

Por entom, lavavamos os cuéiros das crianças porque nom os havia desbotáveis.

Secavamos a roupa em tendais, nom em secadoiras que funçonam com 220 voltios. A energia solar e a eólica secavam verdadeiramente as nossas roupas.

Os pequechos e as pequechas usavam a roupa dos irmãos e das irmãs maiores, nom sempre modelinhos novos.

Pero está no certo: nom tinhamos umha moda verde nos nossos dias.

Naquelas tinhamos umha televisom, ou umha rádio, na casa, nom um televisor em cada habitaçom. E, quando havia, a TV tinha umha pantalhinha do tamanho dum pano, nom umha pantalhota do tamanho dum estádio de futebol.

Na cocinha, moiamos e batiamos a mão, nom havia máquinas eléctricas que o figeram por nos.

Quando empaquetavamos algo frágil para envia-lo por correio, usavamos periódicos enrugados para protege-lo, nom cartons preformados ou bolinhas de plástico.

Nissos tempos nom arrincavamos um motor e queimavamos gasolina só para cortar o céspede; usavamos umha podadoira que funçonava a músculo.

Faziamos ejercício trabalhando, assim que nom necessitavamos ir a um gimnásio para correr sobre cintas mecánicas que funçonam com electricidade.

Pero claro que está vostede no certo: nom havia nissos tempos umha moda verde.

Bebiamos da bilha quando tinhamos sede, em troques de usar vasinhos ou botelhas de plástico cada vez que tinhamos necessidade de água.

Recargavamos as estilográficas com tinta, em troque de mercar umha nova e cambeavamos as coitelas de barbear em troques de tirar ao lijo toda a maquina barbeadoura só porque a folha perdeu o seu fio.

Pero, isso sim, nom tinhamos umha moda verde por entom.

Naqueles tempos, a gente tomava o tranvia ou o autobus e os rapaces e rapazas iam nas suas bicis à escola ou iam andando, em troques de usar à sua mamá ou o seu papá como taxista as 24 horas.

Tinhamos um enchufe em cada habitaçom, nom umha regleta de enchufes para alimentar umha duzia de artefactos.

E nom necessitavamos um aparato electrónico para receber sinais desde satélites situados a miles de kilómetros de distância no espácio para encontrar a pizzaria mais próxima.

Assim que me parece lógico que a actual geraçom queixe-se a cotio do irresponsáveis que éramos os agora velhos e velhas por nom ter esta maravilhousa moda verde nos nossos tempos.

3 comentarios:

  1. Pero tamén un pouco de autocrítica... Moitxs desxs vellxs son @s que agora se lles ilumina os ollos cada vez que saen no mercado novos productos para a sua comodidade...
    O progreso está en todas partes, o bo era cando ainda non estaba... Non cres?

    Eee!! Moi bo o texto!!

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  2. Bom , eu recebim o texto por correio (desconheço a autoria), e pareceu-me genial no ponto de que esta "moda verde" que se nos vende (e mesmo convence)por multinacionais energéticas totalmente contaminantes (Endesa ou Repsol p.e,) e por ecologistas de salom e parlamentos, e pola que pretendem fazer-nos responsaveis do deterioro do meio ambiente por coisas como nom "reciclar", é a campanha mais hipócrita (ao meu parecer) do "desenvolvimento" capitalista do consumo e do derroche.

    E se bem concordo com o que aportas da autocrítica, nom foi que o colei por aquilo de luta geraçonal (de feito o correio ia com a típica coletilha de rula-lo à gente maior, coisa que nom figem nem vou fazer), senom porque conta umha realidade que muita gente nova (tam ecologista ela que até desfai o paquete de tetrabik para botar umha parte no cartom e outra no plástico) desconhece e mesmo sorprende-se ao sabe-lo.

    De feito, colgueina com a etiqueta de humor.

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  3. non so as secadoras gastan 220V, senón todolos aparellos eléctricos, polo menos no país. O que sí que habería que mirarlle é a potencia.

    Anyway, moi bo post

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