A seguir algumas atualizações sobre os presos anarquistas na Grécia até meados de setembro de 2010.
• Yiorgos Voutsis-Vogiatsis já está livre
Yiorgos, detido em 2007 por um assalto a banco em Atenas e condenado em abril de 2009 a 8 anos, cumpriu o que o correspondia e saiu há algumas semanas.
• “O caso Células de Fogo”
No dia 31 de agosto, em Atenas, foi realizado o último tribunal de apelação dos companheiros Masouras e Hadzimihelakis. O pedido dos advogados para colocá-los em liberdade provisória foi rechaçado com unanimidade. Perante os tribunais houve uma concentração de aproximadamente 50 solidário/as. Segundo as estimativas dos advogados, o julgamento de ambos os companheiros, presos desde setembro de 2009, como também de Konstantina Karakatsani, em fuga desde setembro de 2009 e detida em abril, será realizado ainda em novembro de 2010.
• Vangelis Pallis lesionado gravemente
No sábado, 28 de agosto, o preso Vangelis Pallis foi encontrado na sua cela da prisão de Trikala com um pedaço de vidro cravado em sua carótida. Foi levado ao hospital e sua cela ficou fechada, enquanto as autoridades falavam de “tentativa de suicídio” e os jornais locais, com suas mentiras, chegaram até mesmo a escrever que um suposto vídeo da dita auto-agressão tinha sido gravada por outros presos! Vangelis é um preso lutador que muitas vezes enfrentou as autoridades carcerárias, tomou parte nos motins na prisão de Trikala no ano de 2006, em seguida em Malandrinou e durante a massiva greve de fome em novembro de 2008 foi membro do grupo coordenador. A situação em Trikala (700 presos) é terrível, os presos têm acesso à água corrente apenas por 45 minutos durante a manhã e mais um pouco à tarde, 97% dos pedidos de autorização são rejeitados.
No sábado, 4 de setembro, foi realizada em Trikala uma manifestação anarquista em solidariedade a Pallis. Vangelis ficou inconsciente por mais de uma semana e não sabiam se ele iria sobreviver, mas atualmente recobriu a consciência e, segundo os médicos, está fora de perigo.
• Panagiotis Masouras recentemente publicou uma nova carta
O silêncio será uma coisa do passado
As prisões, sendo uma instituição de correção e conformização, querem colocar na linha reta e trazer à razão o ativo coletivo social que se encontra dentro dela. A norma sistêmica da política penitenciária do regime tem como objetivo subjugar os desejos e atrações espirituais, psíquicas e corporais de cada indivíduo. Indivíduo que, de acordo com a lei, foi isolado e marginalizado pela máquina do regime como mais um tumor cancerígeno na espera de terapia. Nas celas da democracia, os carcereiros, que são uma extensão do mecanismo disciplinar, se entregam a uma guerra descarada contra a honradez e a dignidade humana. As estruturas disciplinares do Domínio querem nos colocar de joelhos, nos isolar de qualquer comitiva social, nos estancar mentalmente, têm como objetivo desativar a luta pela liberdade, buscando colocar no cativeiro a luta contra o poder.
O sujeito preso vive numa guerra interna de larga duração.
É uma guerra dos castigos disciplinares, que é um castigo dentro do castigo, das novas condenações recebidas quando já se está dentro, das suspensões de autorizações, dos fiscais bem falantes, da permanente humilhação da mesma integridade humana, das miseráveis e inumanas condições carcerárias, da água, comida, aquecimento, superlotação, de falta de assistência médica e medicamentos... não é necessária uma lógica muito complexa para demonstrar que alguém que finalmente sai do crematório do regime quase intacto, a desgraça que encontrará lá fora parecerá a ele uma opulência.
O sujeito repele a conclusão de que o feito de se auto-realizar como um indivíduo seja o portador da mudança. Cada preso tem que escapar da óptica unidimensional produzida pelos canais de informação do Sistema, tem que se dar conta de que as possibilidades de amarrar o carcereiro de sua alma são inesgotáveis. Tem que especular com a probabilidade de que o abismo e a miséria sem fundo dos casos humanos que o rodeiam, possam talvez colocar a questão fundamental em um nível insurrecional, através da busca e descobrimento das potencialidades sem limites que cada um de nós possui.
No mundo dos poderosos, no mundo do capitalismo global, nada vem de graça. O dever da instituição capitalista é produzir a aceitação e o fatalismo, que por sua vez dão luz à inércia.
O dever dos presos é ver a si mesmos essencialmente como cativos de guerra. E isto, com todas as responsabilidades, deveres e perspectivas que carrega este passo, um passo para a confrontação direta com o Domínio.
Nós mesmos temos que ser a mudança que desejamos viver. Tudo que foi conquistado foi reivindicado com sangue, lutas e desejos armados.
Nossas abordagens contra a política de aniquilação têm que ser constituídas por estruturas disciplinadas e combativas vindas dos próprios cativos. Nós que estamos “dentro” e nós que estamos “fora” dos muros vamos combater o sistema de informação do Domínio, que nos classifica como “criminosos de penas largas”. Assim vamos estabelecer uma conexão autêntica entre o discurso e a prática da luta. Da luta da dignidade contra a subjugação.
Com a cabeça erguida e a nuca reta reclamaremos a liberdade.
O fato de seguirmos vivendo orgulhosos mesmo estando “atrás” das grades faz com que os cimentos dos muros se tornem invisíveis. Ficam invisíveis porque nós somos transparentes. Ficam invisíveis porque somos Lutadores e desafiamos. E quando os muros são inexistentes nossa força canta os cantos da vitória. “Dentro” e “fora”, um punho para quebrar os dentes deles.
Viva a dignidade humana. Viva a paixão pela liberdade.
Nossa luta é o campo fértil do passado, as páginas frescas do presente e as promessas do futuro.
Fogo às prisões!
Solidariedade com o Lutador Cativo Vangelis Pallis.
O sangue que cada Lutador derrama é nosso próprio sangue também.
Panagiotis Masouras
Centro Especial de Detenção de Menores em Avlona
Setembro de 2010
• Outros julgamentos
O julgamento dos companheiros Hristos Stratigopoulos e Alfredo Bonanno, presos por assalto a um banco em Trikala no dia 1 de outubro de 2009 será em 22 de novembro de 2010. Atualmente os dois se encontram na prisão de Koridallos, em Atenas.
No dia 6 de dezembro de 2010 haverá um último tribunal de apelação para Giannis Dimitrakis, preso desde janeiro de 2006 por um assalto a banco em Atenas e condenado em 2007 a 35 anos.
Informaçom facilitada por Agência de Notícias Anarquistas-ANA tirada de Indymedia Portugal
22 sept 2010
Atualizações sobre os presos anarquistas na Grécia
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